Palhaço também conta histórias!
Neste blog você pode saber um pouco mais das nossas histórias vividas nos hospitais.

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Direto do Fundo do Mar!!

 
Relato enviado pela voluntária Catarina (Palhaça Pepa)
 
 



Estávamos eu (Pepa), Bombom e Dália passeando pelo Hospital Menino Jesus, numa manhã calminha, pelo 7º andar, quando avistamos o S.
Ele estava com uma máscara de oxigênio que ainda não estava conectada!
 
Ué... se ele não está com o oxigênio, então essa só poderia ser uma máscara de mergulho e ele era um tipo de menino-peixe!!
 
 - Eiii!!! Você mora no mar? – perguntamos.
Ele fez que sim com a cabeça!
 
Pronto!! O jogo tinha começado!!
 
- E você vive com muitos peixes?
- Simmm!! – ele respondeu empolgado balançando a cabeça.
- E lá é muiittooo bonito?
- Sim!!!!
- E você tem alguma namorada sereia!
- Sim!!! - respondeu empolgadíssimo, mas com cara de vergonha.
- E você vai casar com ela? A gente pode ir? Diz que sim! – nós também estávamos mega empolgadas.
- Sim!!!
 
Aiii que alegria!!!
Combinamos tudo como ia ser! Vestidos! Onde comprávamos barbatanas!! Pura alegria nossa e daquele menino-peixe de 3 aninhos!!
 
Saímos de lá e fomos para os outros quartos. Na volta a enfermeira nos chamou!
Essa hora ele já estava sem a máscara e o quarto, provavelmente repleto de água do fundo do mar!!!
Ela pediu para ele repetir o que ele disse quando ela tirou a máscara.
Ele todo feliz nos disse, depois de muito insistirmos: - Bom dia, flor do dia!
 
Sim!! Este era mesmo um menino peixe muito especial!!!
Ganhamos o dia!!!
 

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Manifesto Contra o Ônibus!!


Relato enviado pela voluntária Bárbara (Palhaça Suzete)



Estávamos Dália, Matilda e eu, no corredor e começamos a brincar com uma paciente dizendo que estava vindo um namorado visitá-la! (Ela nos disse que era amigo, mas já era a segunda vez que ele estava indo, e ele ainda morava em Francisco Morato, mas não a avenida, a cidade). Conversa vai, conversa vem... 
 
Começamos a falar de BUZÂO! Sim, aquele Buzão que temos que acordar cedo para pegar as 06h00 da manhã. Já começa no ponto de ônibus se é que você consegue entrar no ônibus, pois tem aqueles motoristas que passam direto no ponto e você fica lá com cara de tacho esperando o próximo! Faça ou chuva ou faça sol, você está lá no ponto xingando os motoristas que passaram direto e reclamando com as pessoas que você nem sabe o nome, mas já lhe são amigáveis, já que você os vê todos os dias pela manhã, sabe que ônibus pegam, as roupas que usam, os penteados, a rua em que moram e às vezes até para onde vão. Milagre, depois de 45 minutos esperando, um ônibus para! É motivo de festa. Mas nem tudo são flores, porque quando você consegue entrar, você se sente uma sardinha, toda espremidinha e acreditem se quiser, já tem cheirinho de cecê, misturado com todos pelo menos uns cinco perfumes diferentes por centímetro quadrado. Você entra com um perfume só e sai com cinco! Aí você tem que tentar passar a catraca, que é uma guerra. Mochila na cabeça, bilhete único na mão, pontinha do pé e barriga encolhida. Na boa, isso não é para qualquer um. Próximo passo, chegar perto da porta, mas para isso tem um corredor que você vai se encostando nos cabelos daquelas mulheres que enchem a crina de creme, aí na hora que você passa, vem tudo no teu braço, blusa... Fica aquela gosma... ECA!!
  
Eu, Dália, Matilda e outras pessoas que ali estavam, a maioria de altura mediana, ficamos na altura do sovaco e ainda temos dificuldade de alcançar o corrimão. Uma das enfermeiras disse que isso é ótimo, pois ela pode pegar no braço dos homens fortões. Os altos que ali estavam, disseram que conseguem ver de tudo, mas tem dificuldades de conseguir colocar as duas plantas dos pés inteiros no chão. São os famosos passos sem chão, são aqueles passos que quando você levanta o pé já não tem mais espaço de chão para colocá-lo, pois já tem um pé alheio no lugar. E ainda não acabou não... Você precisa descer do ônibus... Mas cadê o botão? Ah mas é claro, o botão sempre está em um lugar que não conseguimos alcançar... Se tentarmos chegar ao botão, as pessoas olham feio, se pedimos para apertarem para nós elas olham feio também. Isso é o que uma enfermeira chamou de “bom humor matinal”. O ônibus para e você desce. Ufa! Só que daqui à 8h00 trabalhadas, você ainda tem que voltar para casa. 
 
Fim de tarde, depois de um dia inteiro de trabalho, a única coisa que nós queremos é ir para casa! Descansar. Ou seja, você não quer ser incomodado. Você quer Paz e sossego. Só que sempre tem um infeliz no ônibus que não usa fone de ouvido e fica com aquelas músicas que geralmente você odeia, bem no seu ouvido. Às vezes da vontade de pegar o celular da pessoa e jogar pela janela. Se não é a música, são os famosos “nexteis”, em que os usuários não sabem usar a função telefone e o ônibus inteiro tem é obrigado a saber da vida deles!!
 
Enfim, nem tudo são flores. Pegar um ônibus é uma experiência para ver até onde vão as forças do brasileiro.
 
Como a conversa saiu do peguete da paciente para o Buzão, eu não tenho a mínima ideia.
 
 

terça-feira, 27 de novembro de 2012

O Choro

 
Relato enviado pelo voluntário Tomás (Palhaço Estafúrcio)
 

Numa visita ao GRAACC, há alguns dias, pra mim a cena mais marcante foi a do homem que estava sentado no S1 a chorar.
  
Logo que cruzamos olhares não consegui decifrar o que se passava, se estava triste com alguma notícia, desesperado com o exame ou se tinha algum problema neurológico. Fato é que me senti compelido a jogar com ele. Decisão difícil e arriscada que no fim valeu muito a pena.
 
Inicialmente pedi permissão para sentar ao lado dele e sentir melhor qual era a possibilidade de jogo. Prontamente a Lorena e o Mixirico iniciaram um jogo de “sentar do lado”. Como ele só tinha dois lados (!), então logo o trio já teve um problema estabelecido.
 
Daí pra frente começou um tal de levantar, sentar e trocar de lugar que fez com que a Lorena sentasse no colo do Estafúrcio. Uma vez sentada outro jogo iniciou: a Lorena começou lentamente a escorregar e o Estafúrcio foi ficando desesperado que não conseguia segurá-la e começou a pedir ajuda para o rapaz triste.
 
Aos poucos a situação foi ficando meio patética e o moço começou a se divertir com aquilo e deu pequenas risadas. Foi um misto de tristeza e alegria.
 
 

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

O Tamanho dos Problemas

 
Relato enviado pelo voluntário Denis (Palhaço Durval)
 

Sabe, desde que ingressei na atividade de palhaço voluntário venho aprendendo muito... Desafios pessoais que são vencidos, aprender a dar valor às coisas certas, entender que a vida é muito mais do que enxergamos.
 
A experiência no hospital nos faz refletir e entender que muitas vezes desprendemos tanta energia em problemas que parecem gigantes para nossa pequena ótica, mas, quando nos deparamos com pessoas pequeninas, lutando para continuar respirando, percebemos que tais gigantes problemas não passam de grãos de areia.
 
Me lembro de alguns casos marcantes como foi a história do P. que estava na UTI do Darcy Vargas. 
Eu e minha parceira, ao chegarmos, nos deparamos com este garotinho de mais ou menos 3 anos, entubado, mas consciente da nossa presença. Após algumas bolinhas de sabão, no momento da despedida, P. desconectou um tubo.
 
Eu, desesperado, chamei a enfermeira e ela nos disse: “Fiquem tranquilos. Ele fez isso para chamar a atenção. Não quer que vocês vão embora.”. 
Ela ainda completou dizendo que a mãe não conseguia ir visitá-lo sempre, pois ele tinha mais três irmãos e não era possível pagar condução todos os dias.
 
São minutos como estes que transformam meus grandes e ínfimos problemas em nada.
 

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Tanto Faz!

 
Relato enviado pelo voluntário Rodrigo (Palhaço Mixirico)
 


Na UTI, Estafúrcio e Mixirico entraram no quarto de um adolescente, quando Mixirico percebeu que o rapaz preferiria a presença da Lorena.
Então ele perguntou: “Você prefere que ela entre primeiro né?”
O rapaz respondeu: “Tanto faz?”
 
Noooooossa!!!! Foi o que bastou pra Lorena ficar arrasada!!!! Como assim “tanto faz”!!!
Mixirico, vendo o desespero da amiga, pediu para ela sair e voltar em grande estilo. Estafúrcio sugeriu uma apresentação.
Foi quando o garoto disse: “Tenho 17 anos!!!”.
Cada um entende como quer, Mixirico entendeu que ele queria algo adulto e pediu para que Lorena mostrasse uma apresentação sensual!
 
Mixirico anunciou Lorena como sendo a Melhor, a Espetacular, a Sensual LOOOOOreeeenaaaaaaaaaaaaaa!!!!
Eis que entra a linda Lorena... Estafúrcio não se conteve nas palmas, Mixirico assoviou, o acompanhante do garoto também se empolgou e o garoto continuou no videogame. Mas seria até ele ver a performance sensual de Lorena.
 
A cena seguiu: Lorena entrou toda sensual e literalmente se jogou na parede e começou a se roçar nela, para total decepção de Estafúrcio e Mixirico, que de imediato se retiraram do quarto dizendo que ela parecia uma lagartixa na parede, se perguntando se aquilo era uma dança sensual!!! 
O acompanhante não parava de rir!!! Já o garoto continuou no videogame, para ele: “Tanto faz!!!!”.
 
Nunca vi a Lorena tão decepcionada com sua performance, porque ela jurou que deu o melhor da sua sensualidade!!!
 
 

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

A Menininha Super Poderosa

 
Relato enviado pelo voluntário Marcos (Palhaço Tadeu)
 
 


Estávamos da janela tentando ler o livro, que uma menininha que estava lendo deitada em sua cama. Ela nos viu e logo se levantou, vindo até o vidro do quarto para ver o que estávamos fazendo do lado de fora.
  
Ao ver a garotinha olhar para nós, Ascarez tirou o chapéu e sorriu. Eu olhei para o Ascarez e coloquei o chapéu na frente do rosto dele para esconder sua feiura, mas algo deu errado.
O chapéu que eu estava segurando sobre o rosto do Ascarez ficou preso. Comecei a puxar mas não saia. Estava entalado!
  
Ascarez começou a ficar sem ar... Desesperado, eu comecei a puxar, mas o chapéu não saia! Eu colocava os pés, empurrava, puxava com os dentes e nada. 
Como fiquei cansado de tanto puxar o chapéu, às vezes eu tirava o chapéu da frente do rosto do Ascarez, somente para me abanar um pouco, e logo voltava a colocá-lo onde estava “entalado”.
  
E assim ficamos, até que eu pedi a ajuda da menininha.
Fiz sinal para ela colocar as mãozinhas no vidro, para que eu pegasse um pouco de sua energia. 
A menininha colocou a mão no vidro, eu coloquei a minha mão sobre a dela (apenas separados pelo o vidro) e pedi para ela fazer força. 
Ela logo encheu a bochecha de ar e fez cara de força. Eu contei até três com os dedos e puxei o chapéu com tudo, mas agora energizado pela a menininha. 
Pronto o chapéu saiu!! Eu olhei para a menininha com cara de surpreso e ao mesmo tempo feliz!!
 
A menininha olhou para a sua mão meio sem acreditar com um ar de felicidade incomum!!
Ascarez respirava ofegante e feliz, e eu explicava que tive ajuda da menininha e nós dois começamos a agradecer a ela sem parar.
  
A menininha ficou super feliz em ter ajudado e também ganhou os parabéns de seus pais, que assistiam tudo em silêncio...
Mas espere!! Todos estavam em silêncio nesse jogo! Mas, mesmo assim, todos diziam algo...
Obrigado, Obrigado, Obrigado e a menininha era a única que dizia De nada.
 
 

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Quem tem medo de quem?

 
Relato enviado pela voluntária Paloma (Palhaça Lorena)
 
 

Na recepção do GRAACC, encontramos a N. sentada no colo de sua mãe. Quando nos aproximamos, a mãe rapidamente escondeu a N. inteirinha com um cobertor. Através de uma leitura labial, descobrimos que ela tinha medo de palhaço.
 
Odorica, Ricota e eu ficamos perguntando em voz alta se havia uma criança por ali. De repente, a mãe retirou o cobertor e revelou a presença da N. Levamos o maior susto! Saímos correndo para longe da menina e nos escondemos, cada um em um canto da recepção.
 
A mãe voltou a cobrir a N.

Recuperamos o fôlego e nos aproximamos da montanha de cobertor. Voltamos a debater sobre a presença de uma criança ali: 
Ricota: “Tenho certeza que vi uma criança aqui.”.
Odorica: “Estava aqui, eu vi também.”.
O jogo se repetiu, mas com maior intensidade. A mãe retirou o cobertor inesperadamente e pronto: “Ai, Meu Deus! Uiiiii! Que susto!”. 
Palhaços assustados correndo para todos os lados em busca de um novo esconderijo.
 
Na terceira vez que o jogo se repetiu, qual não foi a nossa surpresa quando, após ser descoberta, a pequena N. deu um berro de “Buuuuuu”. 
Aí sim, nosso susto foi medonho. Fugimos para o elevador, felizes porque o medo da menina se transformou naquele grito empolgado.
 
Fim.
Ei, peraí!
Não terminou ainda.
 
Passeios de elevador. Ginástica na escada. Uma musiquinha aqui. Uma dancinha ali. Declaração tosca de amor... “Ei, palhaços, tem alguém se escondendo de vocês ali.” – avisou uma enfermeira na Quimioteca.
Quem era? Quem? Quem? A N., é claro!!
 
Continuamos o jogo do esconde-esconde. Inúmeros gritos de “Buuuuuu” foram disparados na nossa direção. Utilizamos um biombo para uma aproximação, tentando passar despercebidos pela N. 
A metralhadora de “Buuuuuuuu” não parava nunca mais de atirar. E, a cada susto nosso, aumentavam os risos da N.
 
Fomos embora assim, assustados, fugindo dos disparos. O mais gostoso foi ouvir uma pessoa perguntar: “Ela não tinha medo de palhaço?”.

 

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Feliz Despedida

Relato enviado pelo voluntário Cristiano (Palhaço Lourival)
 
 
 



Normalmente as despedidas são recheadas de sentimentos e, em regra, carregadas de saudade, do não querer se despedir, da vontade de ficar mais um pouco ou até mesmo para sempre com aquele que se despede.
 
Não conhecia ainda o que viria a testemunhar naquela manhã no Hospital Municipal Infantil Menino Jesus. Quincas e Lourival, como sempre, divertiam-se pelos corredores, sempre muito cheios de crianças, adultos e funcionários, todos sempre muito alegres com nossa presença, mas ouvimos um pedido especial, o J., uma criança que por meses estava internada e que havia rendido uma série de relatos e relatórios sobre sua interatividade com os palhaços e funcionários, queria se despedir.
 
Como assim? Quer se despedir?
Trata-se de uma criança de aproximadamente cinco anos, que sempre era visitada, desde sua internação na UTI até a observação, sempre alegre, disposta, brincando, por vezes não falava, não conseguia, estava com tubos, sondas e outras coisas penduradas, amarradas e talvez até parafusadas nele, mas nunca se recusava a sorrir.
 
J. era aquela criança que não exigia qualquer coisa do palhaço, ele conduzia a brincadeira, pescava com uma linha amarrada em qualquer coisa, era um exemplo inspirador de improviso.
 
Naquela manhã de Outubro, J. queria se despedir, estava de alta e era sua ultima manhã no hospital. J. naquela manhã falava, com dificuldade mas falava, brincava como sempre, ainda não conseguia ficar de pé, muitos meses deitado deixaram suas pernas enfraquecidas, mas isso não o impedia de querer tentar se levantar para brincar com os palhaços, seu olhar era só felicidade, desde sempre, e agora ele iria embora, pra sua casa, com saúde.
 
J. me ensinou que nem todo adeus é triste, ficamos muito contentes em dar adeus ao J.
 

terça-feira, 6 de novembro de 2012

O que você vê?

 
Relato enviado pelo voluntário Denis (Palhaço Durval)
 
 


As crianças nos ensinam muito, mas para isso, é preciso acessar o mundo delas.
 
Certa vez, no Emílio Ribas, uma garotinha de 5 anos, chamada V. levou a mim e meus dois colegas para um passeio na praia.
 
Na praia ela nos mostrou a areia, o mar, os peixes e até o sol quente. Agora, eu pergunto: - O que você enxergaria?
  
Se sua resposta for um pátio de concreto entre dois prédios em um dia nublado, convido-o (a) para fazer uma reflexão sobre como você esta vendo a sua vida e a das pessoas ao seu redor. Agora, se você consegue entrar na praia de V., talvez consiga entender o que eu quis dizer com este post.
 
 

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

BZZZZZZZZZZZZZ


Relato enviado pela voluntária Daniela (Palhaça Janja)
 
Chegamos à porta do quarto, o paciente H. nos olhou, fez uma cara de “tanto faz” e voltou a assistir TV. A faxineira terminava de limpar o quarto e nós continuávamos plantados na porta pensando no que podíamos fazer ou se iríamos embora dali. 
 
Pior que o NÃO é a total INDIFERENÇA. Ah como é difícil aceitá-la!!! Por isso somos brasileiros e insistimos SEMPRE... Mais um pouco ali na porta e Romão entrou no quarto, parou em frente à cama do garoto, apoiou os dedos sobre a mesa de comida (que estava vazia) e começou a dedilhar um possível piano.
Mais do que rápido Batatinha deu um som grave ao instrumento e Romão tocava com maestria aquelas notas.
 
H. olhava atento à TV e discretamente, de vez em quando, procurava-nos com o olhar para ver o que estávamos fazendo.
Importante dizer que ele estava com uma máscara gigante no rosto e só conseguíamos ver seus olhinhos passeando e procurando por nós de vez em quando.
 
Romão deu uma leve pausa e começou a tocar novas notas. Desta vez, mais agudas o que fez com que Janja assumisse o comando de voz das notas.
Romão apertava a tecla e Janja respondia agudamente com os sons de cada uma. 
H. que não deu a mínima para nós no início começou a esboçar os primeiros sorrisos. Foi quando Romão apertou outra tecla que fazia um som parecido com o pernilongo. Ele tirava o dedo da tecla e o som parava.
 
Como Romão é esperto, ele ficou apertando a tecla por mais tempo, para tentar achar o pernilongo, mas não encontrava.
Estes sons longos deixavam Janja completamente sem ar, mas Romão não percebia que ela estava passando mal!
Janja pedia a ajuda de H. que gargalhava e não estava nem um pouco a fim de ajudá-la. Fingia que não era com ele.
Janja, cada vez mais sem ar, desmaiou!! 
 
Romão automaticamente parou de ser incomodado pelo barulho do pernilongo (que coisa não?!). Ao perceber a situação inconsciente de sua parceira Romão foi socorrê-la, mesmo sem saber o motivo que provocou o desmaio! E assim saímos de lá à procura de socorro para Janja e ainda ouvindo as gostosas gargalhadas de H., que não estava NEM AÍ pra gente!!
 
 

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

ASCAREZ X TADEU – UFC (Unidos e Felizes Continuaremos)

 
Relato enviado pelo voluntário Marcos (Palhaço Tadeu)
 
 
É surpreendente como os sentimentos mudam com rapidez assustadora. É amor, alegria, tristeza, raiva etc...
  
Batemos na porta pedindo a autorização para entrar no quarto.
Lá dentro havia um garotinho o P. e o pai que estava sentado no sofá e com um dois braços engessados. Tadeu apontou para o pai e disse ao Ascarez que ele era o paciente e que o garotinho era o visitante.
Os dois muito receptivos começaram a rir.
 
Ascarez olhou para Tadeu e disse que era verdade e que Tadeu era muito esperto! Para cumprimenta-lo, deu-lhe um belo tapa nas costas!! A força do tapa foi um pouco desproporcional, jogando Tadeu até um pouco pra frente!
O P. e o pai deram muita risada!!
 
Tadeu meio sem jeito olhou desconfiado para o Ascarez e devolveu a “gentileza” dando também um belo tapa nos ombros e dizendo: “Que isso Ascarez você que é 10!”
Ascarez fechou a cara e olhou para o P. que ria. Logo ele devolveu a “gentileza” para Tadeu e os dois ficaram nesse jogo, sempre elogiando e dando safanões em seguida um no outro!
 
Ascarez e Tadeu saíram do quarto, mas o jogo continuou na janelinha da porta.
Os dois ficavam passando de um lado para o outro e em cada passada era uma ação diferente: Tadeu estrangulava o Ascarez que com a língua pra fora pedia socorro! Ascarez batia na cabeça do Tadeu! Tadeu tentava furar o olho do Ascarez! Ascarez corria com o sapato na mão atrás do Tadeu! Tadeu levantava os braços colocando o seu sovaco no rosto do Ascarez, que fazia cara de nojo! Em câmera lenta, Ascarez deu um soco no Tadeu!!! E, quando só podia piorar, Tadeu e Ascarez passaram pela última vez, abraçados e sorridentes, olhando para dentro do quarto e mostrando que era tudo uma brincadeira e a amizade era no fim o que prevalecia!!
 
P. e seu pai, que assistiam tudo como se a janelinha da porta fosse uma grande TV, ficaram muito contentes ao ver que tudo havia terminado bem!!
Ufa!!!
 

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Festival Musical no GRAACC!


Relato enviado pela voluntária Paloma (Palhaça Lorena)

 

Ricota apareceu com um cavaquinho e só precisou de um empurrãozinho para se sentir seguro e carregar o companheiro pelo hospital!
O empurrãozinho tem nome: Odorica e Lorena. Dançarinas, cantoras, compositoras e parceiras piradas.
 
Fila de espera bombando no 1SS. Encontramos uma mulher alta, linda e sorridente. Não demoramos muito para descobrir sua profissão: cozinheira. Só podia ser, pois ela estava toda familiarizada com a cozinha e conseguiu descolar um lanchinho ótimo. Enquanto isso, seu pai, com o mesmo sorriso nos lábios, encarou o Ricota e pediu que ele tocasse alguma coisa.
  
Perguntamos de que gênero musical o senhor (que apelidamos carinhosamente de Maestro) gostava mais e veio a resposta: pagode.
Ricota fez uma cara um tanto desapontada e passamos a bola para o Maestro novamente: “E que pagode o senhor quer ouvir agora?”.
Maestro abriu um super sorriso e disse: “Conheço um pagode clássico que é incrível!”.
Suspense no ar... Que “pagode clássico” seria aquele? Segundos depois, o Maestro me solta: “Atirei o pau no gato.”.
 
O trio musical ficou pasmo com a escolha, mas rapidamente concordou com a proposta.
Lorena: “Noooossa, esse pagode é dos bons!”.
Odorica: “É o primeiro lugar nas paradas de sucesso!”.
Ricota: “Esse pagode é incrível mesmo!”.
 
A música começou a rolar e a empolgação das dançarinas foi total.
  
♫ Atirei o pau no gato-to
Mas o gato-to
Não morreu-reu-reu ♫
  

Foi o “atirei o pau no gato” mais animado que já ouvi e dancei na vida.
Odorica e eu fizemos a mesma coreografia, sambado loucamente, girando o corpo e rebolando.
Ricota segurou firme no cavaquinho e cantou todo afinado.
Além de dançarinas, Odorica e eu fomos backing vocal, repetindo sílabas em ritmo de pagode.
 
O sorriso largo do Maestro e de sua filha se transformou em gargalhadas que contagiaram todos no local.
 
Esbanjando talento, Ricota ainda atendeu ao pedido de um rapaz que curtiu a nossa apresentação do “atirei o pau no gato”. Dessa vez, a escolha foi samba. Solicitamos o socorro do Maestro, que tentou nos explicar a diferença entre pagode e samba, sem obter sucesso.
Maestro sacou a música “Trem das Onze” da cartola e saímos cantando o sambinha, percebendo, na prática, a diferença.
 

terça-feira, 23 de outubro de 2012

O Sofá Quincasss


Relato enviado pela voluntária Ana Carolina (Palhaça Lola)
 



Recepção lotada, hospital inteiro lotadooo!!!
 
Quincasss e Lola começaram o dia em total sintonia!
Aproveitamos da situação do hospital cheio e Quincasss virou, poltrona, sofá, puff...
 
Ele se sentava e Lola sentava no colo dele como se estivesse sentando num confortável sofá (barriguinha pequena do Quincasss!!!) e a criançada se divertia com a situação rindo do Quincasss que mal respirava!
 
Lola se fazia de desentendida e levantava e sentava por várias vezes como se não entendesse que Quincasss estava ali passando mal com seu peso!
E Quincasss dizia: “Lola, assim você me mata!!”.
 
Entre outras brincadeiras essa foi a que mais rolou e em todos os andares conseguíamos encaixá-la já que estavam cheios e com pouquíssimos lugares para sentar!
 
Na quimioteca foi o ponto alto onde arrancamos diversos sorrisos, inclusive da menina “S” que não curtia muito palhaço e não estava muito bem naquele dia.
 
Foi um dia lindo!!!!
 

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Mais uma Identidade Secreta para Super-Homem!!


Relato enviado pelo voluntário Rodrigo (Palhaço Mixirico)

 



I., um garoto bem debilitado que, com muito esforço, fazia sinais com a cabeça (sim/não). Ele estava com um inalador e nós palhaços estávamos de máscaras (tivemos que colocá-las para entrar no quarto).
  
De imediato, Jamal começou a conversar com o I. através de seu rádio comunicador (a máscara).
Quando Jamal perguntou o nome do garoto, eu (Mixirico) interferi na comunicação, chamando a Sula para a linha cruzada. Eu disse que o garoto era o Super-Homem (ele estava com uma camiseta dele), mas como ele estava todo enrolado debaixo da coberta, disse que ele estava disfarçado, pois todo super-herói tem disfarces. E o do I. era de minhoca peluda! I. fez que sim com a cabeça!
 
Jamal tentava se comunicar com o I., mas eu atravessa a conversa com o intuito de sacanear Jamal. I. comprou a minha ideia e ainda usamos a Sula como cúmplice.
Sendo assim, Jamal perguntava quais eram os poderes do Super-Homem. I. respondia e eu “traduzia” dizendo que com o disfarce de minhoca peluda, I. aplicava picadas em seus inimigos. 
 
Rapidamente Sula se colocou a disposição para tal tarefa e começou a picar Jamal. Cada picada rendia boas risadas de I. e, a cada picada, Jamal ficava desesperado, pulando de dor.
Mas para azar da dupla, Jamal começou e desconfiar até que descobriu o plano. Sula e eu, muito espertos, conseguimos enganar Jamal mais uma vez, e conseguiram fugir do quarto!!!
 
De longe víamos os olhinhos de I. nos olhando com cumplicidade!!!
 
 

terça-feira, 16 de outubro de 2012

Cuidado com o Touro!!


Relato enviado pela voluntária Daniela (Palhaça Janja)

 


Estávamos eu (Janja) e Múrcia passeando pelo Menino Jesus numa manhã de sábado ensolarado. 
Depois da nossa visita habitual aos andares da internação resolvemos dar uma passada na Sala de Observação, que estava bem cheia, pois todos os leitos estavam ocupados.
 
Logo que entramos avistamos dois garotos ao fundo querendo brincar. Os olhos deles brilharam quando nos viram. Um deles que estava com acesso tomando medicação na veia já foi logo falando:
 
Menino: Sabe o que é isso?
Janja e Múrcia: Não!
Menino: É força. Eu estava muito fraco e agora eles estão colocando força em mim. Quando eu tomar tudo, vou ficar muito forte pra combater bandido e touro.
Janja e Múrcia: UAU !!! Temos um super-herói aqui. Que prazer imenso! A gente nunca tinha visto um assim... em carne e osso.
Menino: Pois é! Eu e meu parceiro aqui vamos combater o crime. – Apontou ele para o amiguinho do leito ao lado que estava louco pra brincar conosco também!
Janja e Múrcia: Noooooooooossaaaaaa ... vocês dois devem ser uma dupla dinâmica igual ao Batman e Robin.
 
Nesse momento os dois estavam orgulhosos de ser o que eram: CORAJOSOS!!
 
Menino: E vocês duas precisam tomar muito cuidado!!! Vocês estão de vermelho e touro não gosta de vermelho!! Ele vai pra cima de vocês!! Mas não se preocupem que eu não tenho medo de touro e protejo vocês duas!
 
Janja e Múrcia estavam muito agradecidas pela ajuda do garoto e foram embora se despedindo de todos.
Do lado de fora da sala de observação, elas passavam correndo de um lado para o outro da porta e gritavam: “Socorro, um touro.”
 
Os dois garotos atiravam no “touro” como se fossem o Homem-Aranha. Todos vibravam com a cena! Parecia um verdadeiro filme de ação!! Não ficou devendo nada para o MacGyver, Chuck Norris, entre outros.
 
Passada a turbulência e touro liquidado, Janja e Múrcia entraram novamente na Sala de Observação para agradecer a bravura dos garotos em defendê-las. 
 
Janja e Múrcia: Pessoal, vocês acabaram de presenciar ao vivo um exemplo de coragem e bravura. Uma salva de palmas, por favor!!!
 
CLAP, CLAP, CLAP !!!!
Eram tantas palmas que os garotos ficaram de pé em seus leitos para receber os cumprimentos de todos que estavam naquela sala. Eles curvaram-se ao seu público agradecendo todo aquele prestígio e tiveram seus 15 minutos de fama!
 
Saímos de lá seguras de que tínhamos encontrado ali uma dupla de super-heróis capazes de fundar uma nova liga da justiça! Ou seriam eles mutantes e potenciais alunos do Professor Xavier?
Sei lá... o que sei é que escapei do touro bravo e nunca mais uso vermelho... vai que encontro um touro bravo na Marginal Pinheiros !!!
 
 

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Quarto 407

 
Relato enviado pelo voluntário Marcos (Palhaço Tadeu)
 
 
 


Estávamos no corredor quando veio um médico residente e nos abordou: “Ei!!! Vocês, por favor, passem no quarto 407 a onde tem uma paciente minha muito triste. Ela vive reclamando de dor e esta cheia de manhas... Não sei como ajudá-la nesse sentido. Por favor, passem no quarto dela e tentem animá-la.” 
 
Então, Dalila e eu (Tadeu) fomos à busca da tal paciente para cumprir nossa missão.
Passamos por um quarto e paramos na porta. Logo K. nos viu e soltou um belo sorriso. Tadeu entrou e quando foi chamar Dalila, disse para ela vir com tudo que a K. estava chamando (uma bela mentira necessária para Tadeu conseguir seu objetivo).
Dalila perguntou se era verdade, e Tadeu tentando imitar a voz da garotinha disse: “Sim, vem Dalila.
Dalila escutando a “voz” de K. veio correndo, porém foi surpreendida com a porta fechando em sua cara.
K. começou a rir muito.
  
Nesse momento a mãe de K., passou por nós e disse: “Vixi, a menina até pouco estava emburrada, agora esta toda alegre.” 
 
Dalila perguntou quem tinha fechado a porta e Tadeu respondeu não saber. Dalila perguntou para K. que balançava a cabeça negando a resposta.
Mas Dalila estava esperta e já havia descoberto que tinha sido o Tadeu, então, para descontar, colocou o pé na frente dele, que quase se estatelou no chão.
K. ria muito!
Tadeu levantou de pronto e perguntou a Dalila: “Você viu quem colocou o pé na minha frente??”
Dalila respondeu: “Eu não fui e eu não sei. Você sabe quem foi, K.??”
K., segurando o sorriso com as mãos novamente balançava a cabeça dizendo não. Ficamos nesse jogo por um tempo e saímos correndo um atrás do outro.
 
O mais interessante foi que logo que saímos Dalila olhou para o Tadeu e disse: “Tadeu, vamos logo que a gente tem que achar o quarto 407 que o médico disse para irmos.”
Sem acreditar no que estava escutando, Tadeu respondeu: “Dalila, acabamos de sair desse quarto e a garotinha era a K.!!!” 
 
Foi muito engraçado ver a cara de surpresa de Dalila. Ela disse então: “Tadeu temos que voltar lá! Temos que fazer o que o médico nos pediu, agora sabendo disso.” 
 
Então, voltamos ao quarto e K. nos recebeu com os mesmos dentes à mostra. Dalila iniciou o jogo vendo que K. estava digitando uma mensagem no celular e disse que havia recebido a mensagem, que dizia: “Dalila é linda e Tadeu é muito feio!!!” 
 
Tadeu então disse que também recebeu uma mensagem de K., que segundo ele dizia: “Tadeu é bonitão e Dalila é na verdade Dalinda.”
Mas antes que Dalila ficasse feliz Tadeu complementou: “Dalinda dos infernos!!”
E saiu correndo enquanto Dalila corria logo atrás.
 
Saímos ao som das gargalhadas de K.
- Pronto! Agora sim, fizemos o quarto 407! – disse Dalila.
 
 

terça-feira, 9 de outubro de 2012

Ricota Remoto

 
Relato enviado pela voluntária Alessandra (Palhaça Sula)
 
 
 


Entramos Zélia, Ricota e eu (Sula) no quarto de D., dançando o ritmo da música que tocava na televisão (sertanejo).
 
A mãe de D. se interessou pela nossa dança, enquanto ele ficou dividido entre a televisão e a nossa presença até que a música acabou e nós encerramos nossa apresentação inicial.
 
Pois bem, percebi que D. havia prestado mais atenção em Ricota enquanto dançávamos.
Olhei para o lado, vi o controle remoto da TV e disse: “Olha Zélia! Sabia que esse controle faz o Ricota dançar diferentes ritmos?”
E ela: “Ah é Sula? Vamos ver os ritmos que têm então e aí o D. escolhe o que ele mais gosta! O que você acha D.?”
 
D., já com a atenção voltada pra nós, esqueceu a televisão e aceitou a nossa proposta! Yes!!!
  
Eis que Ricota se encontrou em uma enrascada: a cada clique que eu dava no controle ele inventava o ritmo e fazíamos com que ele dançasse mais rápido pelo quarto todo. Dançou muuuuuito e tirou várias risadas da mãe, de D., da Sula e da Zélia!
 
Canal 1: axé
2: bolero
3: valsa
4: samba
5: tango
E o 6??? D. Pediu Pop!
 
Ao final, D. escolheu o canal preferido (que foi o tango) e Ricota finalizou sua apresentação com Sula e Zélia imitando o som de um clássico do tango argentino!
 
 

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Cadê a Clô?

 
Relato enviado pela voluntária Daniele (Palhaça Clô)
 
 


Subi no lombo do Mixirico e entramos no quarto da R.
 
Mixirico começou a conversar com a menina que parecia que não estava nem aí pra nós.
 
Ao começar a conversar Mixirico se perguntou: - Ué, cadê a Clô?
Ainda no lombo dele, eu respondi: - Tô aqui!
Toda vez ele virava pra ver onde eu estava e, ficando atrás dele, eu falava: - Aqui, Mixirico! Aqui! 
 
R. começou a achar graça e a se atentar muito mais na gente.
Ela se sentou na cama e disse pro Mixirico: - Seu burro! Ela tá atrás de você!!
 
Eu desci do lombo dele, fiquei de frente pra ele e disse: - Mixirico, eu estou atrás de você!!
E voltei a ficar atrás dele... Mas toda vez que ele virava o corpo, eu virava junto, ficando sempre atrás!
 
R. ficou achando graça de tudo aquilo! Ria muito gostoso! 
 
Depois de alguns giros e muita procura, eu disse: - Mixirico, será que eu tô lá fora? Me acha logo!! Tô cansada de não saber onde estou!
 
E foi assim que saímos!
 

terça-feira, 2 de outubro de 2012

Mixirico Advinha Tudo... Quase Tudo...

 
Relato enviado pelo voluntário Rodrigo (Palhaço Mixirico)
 
 

Entramos no quarto e logo fui dizendo bom dia ao garoto:
Mixirico: - Bom dia, L.! Tudo bem?
L.: - Como você sabe meu nome? – perguntou o menino.
Mixirico: - Ora, sou adivinho. Adivinho tudo!
L.: - Ah é? Então adivinha quando nasci!
Mixirico tentou umas trocentas datas até acertar: - 22 de junho de 2002.
L.: - Caraca!
MIxirico: Faz perguntas mais difíceis, eu gosto de adivinhar coisas difíceis!!!
L.: Ok, quando minha mãe nasceu!!!! Ela tem 36 anos.
Mixirico: Ela nasceu em 1976, ela é do dia 16 de março.
A essa altura, o L. já estava confuso com as adivinhações, pois o Mixirico falava tanta coisa ao mesmo tempo, que nem ele já sabia a resposta correta!
Mixirico, se achando o esperto, disse que teria que revelar um segredo de sua mãe.
Mixirico: - Sua mãe não nasceu!!!!
Janja se espanta: - Nããããõoooooooooooooo?????
Mixirico: - Não. 
E perguntou todo dono de si: - Quem veio primeiro, a galinha ou o Ovo?
L., prontamente respondeu: - A galinha!
Alguns segundos de silêncio no ar e Mixirico diz: - Putz... é a galinha mesmo! Que coisa... 
Mixirico ficou se perguntando como L. sabia a resposta...
Mas insistiu: - E quem botou o ovo?
L.: - A galinha, claro!
Mixirico: - Que coisa, mas e o ovo?? Num era antes da galinha?!?!!!????!...
A essa altura, as minhas mui amigas Janja e Clô, choravam de rir da minha cara de tonto!!!!
Eu fui embora indignado, pois o L. era mais inteligente que eu!!
 
 

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Ricota, Lourival e a Menina de Trança


Relato enviado pelo voluntário Cristiano (Palhaço Lourival)




Coulrofobia, como toda fobia, talvez possa ser tratada, mas quem somos nós para nos meter nisso? Né, Ricota? Mas curiosidade é talvez outra doença a ser combatida, porque aquela menina de trança, embora não viesse falar conosco, não parava de nos seguir.

Visitamos todos os quartos daquele andar, e ela fugindo, entrando embaixo de camas, atrás de paredes e portas, sempre fugindo, olhando de longe, curiosa, sorridente, mas com medo.

Medo de que? Coulrofobia é o medo de palhaço, coisa comum, mais do que se imagina, sempre se encontra criança que não quer nem olhar para o palhaço, mas naquele dia Ricota e Lourival ajudaram a quebrar um pouquinho disso...

A menina de tranças foi procurada e, mesmo quando encontrada, não era vista, procurávamos sem a ver, pois ela não queria ser encontrada, queria talvez só brincar, aliviar seu medo e esquecer onde estava, voltar a ser criança e não só paciente, livre, solta, correndo pelos corredores, entrando nos leitos de outros pacientes, sorrindo de longe, um pega-pega, um esconde-esconde, não com a gente, mas com seu medo.

Algumas técnicas, por mais que se estude a arte do palhaço, não permitem sequer uma aproximação; para quem tem medo, qualquer coisa, qualquer movimento, é assustador: cair, apanhar, cantar, dançar, nada funciona, então não brincamos e não a achamos, apesar de procurar, chamar e não achar, onde está a menina de trança?

Subimos e descemos, visitamos de tudo em todos os andares, risadas, choros, nenês, adolescentes, mães e pais e, já na saída, em nossos últimos passos, uma enfermeira nos chamou – havia uma menina, no andar de baixo, uma de trança, perguntando por nós... seu medo havia sido levado conosco, será?

terça-feira, 25 de setembro de 2012

A compra de um possante!

Relato enviado pela voluntária Rubia (Palhaço Dalila)
 

Carrinhos de vários modelos, cores e tamanhos enfeitavam a janela de um quarto, no hospital Darcy Vargas. Dalila abriu a porta e perguntou se ali era uma loja de automóveis e que gostaria de comprar um carro. Tadeu rapidamente virou o vendedor da loja e o Bordô se transformou num belo marido (o dono do dinheiro).

No quarto, uma criança muito debilitada, sem condições de falar, por causa dos aparelhos. Mas, os olhos diziam muitos mais que simples palavras. Olhar atento aos nossos movimentos.

Bordô pergunta à sua esposa Dalila que tipo de carro ela gostaria de ganhar. Ela, muito esperta, solta que gostaria de um carro conversível, com um botão que oferecesse chocolate a qualquer momento. O vendedor Tadeu não perdeu tempo e demonstrou as vantagens daquele carro que estava disponível na loja.

Insatisfeita, Dalila solicitou que outro veículo fosse demonstrado. Também não aceitou um carro verde oferecido pelo vendedor, afinal, Dalila é Tricolor! Bordô, rapidamente, exigiu outro carro. Tadeu fez uma exaustiva apresentação de um carro que era ótimo para pegar ladeira, mas apenas na descida (?).

Bordô, surpreendentemente, decidiu comprar o veículo e perguntou quais as formas de pagamento. Tadeu gostaria de receber beijos de Dalila como forma de pagamento. Para piorar a situação, Bordô aceitou a proposta e claro que Tadeu adorou e ficou todo saidinho. Mas, estava bom demais para ser verdade!

O casal pregou uma peça naquele atrapalhado vendedor. Bordô pediu para Tadeu fechar os olhos para realizar o pagamento. Mas, ele acabou beijando uma deliciosa bexiga, que o Bordô tinha no bolso de sua calça.

Está pensando que é fácil desse jeito??? Bordô e Dalila, rindo do vendedor Tadeu, ligaram os motores do possante e foram embora do quarto.

Pelos olhares atentos, o pequeno garoto e a sua mãe desejaram uma boa viagem para Dalila, Bordô e Tadeu!

 

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

O Segredo da Levitação

Relato enviado pelo voluntário Marcos (Palhaço Tadeu)
 
 

A vida realmente é cheia de mistérios!!! Eu realmente fico muito feliz quando a gente consegue desvendar algum!
 
Há algumas semanas atrás, Tadeu e Dalila estavam no Hospital Darcy Vargas, quando se depararam com uma garotinha (R.) que estava no corredor caminhando segurando o seu suporte de soro (que possui rodas), porém, em alguns momentos ela usava o suporte de soro como uma espécie de skate e deslizava como se estivesse levitando.
Logo ficamos impressionados com o poder da R. em levitar, e com as bocas abertas dizíamos: “Nossssaaaa!!!! Como você consegue levitar????”.
Foi maravilhoso porque após ter escutado o nosso comentário, R. fechou seus olhos como se estivesse em um tipo de transe, somente para comprovar que realmente tinha um grande poder!
 
Dalila então tentou se comunicar com R. que de início não respondia. Mas, usando seu poder de comunicação telepática, colocou os dedos entre a cabeça e começou a emitir sons... Dalila perguntou novamente: “R., você está aí??”.
Ela também colocou os dedinhos na cabeça, tentando sintonizar Dalila. Tadeu fez o mesmo e logo estavam os três numa grande conferência mental um do lado do outro. 
 
Tadeu perguntou: “R., como você consegue Flutuar??”
Ela fechou a cara e não respondeu, pois somente ela tinha esse poder!
Dalila então disse que tentaria pegar o poder de R., respirou fundo, sentiu uma energia e tocou no Tadeu! Mas isso não deu muito certo!
Tadeu começou a tremer, fechou os olhos, esticou os braços pra frente e começou a flutuar feito um zumbi e dizendo “Eu estou flutuannndo, flutuanndo...”. Tadeu andava meio sem direção e ia de encontro a todas as pessoas que estavam no corredor, que por sua vez fugiam dele às gargalhadas. 
Dalila trouxe Tadeu de volta dando um peteleco na cabeça! Ao mesmo tempo, Dalila tentava entender porque não tinha dado certo, foi quando ela percebeu que na mão da R. tinha um pequeno Jacaré, e logo deduziu: “Ahhhh já sei Tadeu, ela está com o jacaré mágico!!”.

R. saiu de supetão flutuando. Tadeu ficou pensativo e quis perguntar à Dalila se era realmente o Jacaré que fazia com que ela levitasse, mas, antes mesmo dele perguntar, viu a R. voltando flutuando! Mas agora o seu jacaré estava sobre a base do Flutuador, bem destacado, o que comprovava que o jacaré realmente era mágico!!!

O máximo foi saber que quem flutua na verdade possui um jacaré mágico. Será que é esse o segredo do Aladim, Magneto e do Ben 10???
 

terça-feira, 18 de setembro de 2012

Obrigado de Coração!!!

Relato enviado pela voluntária Viviane (Palhaça Dália)
 
 


Há uns dias atrás, no andar da UTI do Hospital Menino Jesus, Quincasss e eu paramos em frente à janela do único quarto que faltava para visitarmos. Um menino entubado, com o rostinho machucado, estava deitado no leito, uma enfermeira estava junto a ele, assim como uma moça usando máscara. Ele parecia realmente mal.
  
Perguntamos à enfermeira se tínhamos a permissão para entrar e ela disse que sim. Descobrimos o nome do menino: S.! Seus olhos estavam fechados e pensamos que ele estava dormindo.
A enfermeira disse que ele estava, na verdade, acordado, e que poderia ouvir tudo o que a gente dissesse! A outra moça, que revelou ser sua tia, conversou um pouco com a gente.
Então, Quincasss me perguntou: “Dália, você sabe cantar alguma música?”; e eu disse que sabia cantar de tudo. Pedi para a tia nos dizer o que S. gostava de ouvir, e ela falou que ele era fã do Luan Santana.
  
Comecei a cantar o refrão de “Meteoro da Paixão”, dedicando para o S.! ♫ Ah! Como é bom poder te amar, S.!
Quincasss ia repetindo os versos depois de mim.
 
De imediato, a enfermeira e a tia apontam para aquela máquina que mostra os batimentos cardíacos do paciente. 
A enfermeira disse: “Olha! O coraçãozinho dele está batendo mais forte!”.
E não é que estava mesmo? Da média dos 90 batimentos por minuto, ele já tinha ido pros 110!
  
Acho que todos no quarto ficamos emocionados naquele momento!
S. não conseguia nos agradecer com os olhos, com um sorriso, ou com gestos, então decidiu nos retribuir com o que há de mais sincero: o coração!
 

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

A Saga dos Mudos

Relato enviado pelo voluntário Marcos (Palhaço Tadeu)
 
 



É fantástico saber que mesmo em silêncio consegue-se provocar sons nos outros na forma de risada!!
 
Chegamos à porta do quarto e sem dizer nenhuma palavra, olhamos para dentro, soltamos um belo sorriso e fizemos um sinal com as mãos perguntando se podíamos entrar.
Havia duas crianças com olhares alegres e empolgadas com a nossa presença. Além delas, tinham duas mães sentadas no sofá que ficava no fundo do quarto, que responderam nossa pergunta. Sorridentes, elas fizeram um sinal de joia com o dedão.
 
Dalila estava bem folgada, encostada no batente da porta de forma que o seu sovaco ficasse na altura do nariz do Tadeu, que logo fez uma cara de quem não estava gostando muito do cheiro que saia de lá e empurrou Dalila para dentro do quarto.
Dalila ficou isolada no piso azul. Tadeu então fazia cara de triste e perguntava com a cabeça como chegar até Dalila. Tadeu tentou dar um passo pra frente mais ele girava por completo e voltava no mesmo lugar. 
Dalila pensou coçando a cabeça, parou, estalou os dedos e começou a girar uma manivela imaginária, que imediatamente fez puxar Tadeu em sua direção. Cada, girada que Dalila dava era um movimento para frente de Tadeu. Até que Tadeu enfim chegou ao piso azul e ficou junto com Dalila, porém, quando Dalila foi comemorar, soltou a manivela e Tadeu escapou (emitindo um som com a boca, parecido com rebobinando uma fita VHS – se alguém se lembrar disso é claro) e voltou com tudo para a onde estava antes. Tadeu começou a chorar e ficou muito triste. Atrapalhada Dalila, vendo o que tinha feito, girou a manivela de forma bem rápida e Tadeu voltou ao piso azul.
  
Agora os dois tinham que seguir em frente, a onde havia mais a frente um próximo piso azul. 
Tadeu, pensativo, teve uma ideia. Começou a soprar um balão e entregou nas mãos de Dalila que flutuando conseguiu chegar ao piso azul seguinte. Nesse momento escutamos das crianças e das mães um: “Aeeeee!!!”.

Tadeu olhou para Dalila e fazia movimentos pedindo a ela que jogasse o Balão de volta para ele. Dalila (como sempre atrapalhada) jogou o balão, porém, soltou muito alto e Tadeu não conseguiu pegá-lo e ficou seguindo com os olhos vendo o balão se perder no céu. O sorriso de Tadeu virou imediatamente um misto de tristeza e raiva. Dalila, logo deu um jeito jogando uma corda e puxando Tadeu em sua direção.
Nesse momento o “Aeeeee!!!” vindo das crianças e das mães, foi ainda maior. Os dois se abraçavam felizes.
 
Dalila, então, tirou a sua Flauta Mágica do bolso, fez um volante de carro, deu uma buzinadinha para o Tadeu, (que por sua vez entrou no carro) e os dois saíram felizes. Saíram com mais sons, porém, agora de aplausos.
  
Foi uma delícia!!
 

terça-feira, 11 de setembro de 2012

Missão dada parceiro, missão cumprida!!!

Relato enviado pela voluntária Rubia (Palhaça Dalila)
 
 
Não tivemos tempo de pensar e muito menos de jogar uma proposta. Assim que entramos no quarto de D., ele ordenou a missão daquele quarto, no hospital Darcy Vargas: “Dalila, entre no banheiro mágico!”
 
Uau, como aquele garoto de aproximadamente 8 anos, com cabelo estilo Neymar, sabia o meu nome? Ah, ele se lembrou de mim e também da minha primeira cena no Darcy Vargas!!! Na ocasião, eu e a minha parceira Janja fizemos o jogo do banheiro mágico com ele.
  
Nossa, meus olhos brilharam e o meu coração se encheu de alegria.
 
Eu obviamente aceitei a ordem imposta pelo capitão D. e arremessei o meu parceiro Ricota dentro do banheiro mágico. Ele se transformou em várias coisas, como um balão, uma velha com dor nas costas, etc.
  
Ao fundo, muitas risadas de D., familiares e de outra criança que também estava internada no mesmo quarto. Eu também fui jogada dentro do banheiro mágico, onde me deu um ataque de soluço. Ricota, preocupado, me retirou do quarto com o argumento de que me levaria para tomar água.
  
Para nós missão cumprida, afinal, saímos no auge da cena, no ápice da proposta e seguimos para outros quartos. Quando finalizamos aquele andar passamos novamente em frente ao quarto do capitão D. que, prontamente, nos acenou com a mão. Aquele olhar já me dizia: Tá de sacanagem comigo, duplinha?!
 
Capitão D. nos intima e impõe outra missão que era finalizar a cena do jeito que ele queria e ordena: Vocês precisam se transformar em palhaços.
 
Uau. Ele se lembrou também do final da minha primeira cena. Eu e a Janja finalizamos a proposta se transformando em palhaças.
 
O que me restava fazer naquele momento? Aceitar a missão. Joguei Ricota no banheiro mágico e disfarçadamente disse que ele precisava se transformar em palhaço. Também entrei e deixei me contaminar por essa magia e virei também uma palhaça. 
 
Só sei que nada sei, rapá. Missão dada, missão cumprida!
 

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

O Casamento de Dalila e Tadeu

Relato enviado pela voluntária Rubia (Palhaça Dalila)
 


Dalila e Tadeu caminharam com a clássica marcha nupcial tocada pelas cordas vocais de Charles no quarto do pequeno G., no hospital Darcy Vargas. 
 
Charles responsável pela cerimônia estava muito confuso, não sabia nem o nome dos noivos. Na verdade, quem conduziu toda a cerimônia e armou essa confusão foi o próprio garoto G. Ele falava, ao pé do ouvido, para o padre Charles os nomes errados dos pombinhos propositalmente. 
 
Para deixar o casal ainda mais nervoso, o G. disse que tinha uma barata no altar causando histeria e atrasando o casamento. 
 
Depois de muitas confusões e desencontros, o padre Charles decidiu soltar a pergunta mais esperada daquele momento: “Se alguém tem algo contra este casamento que fale agora ou cale-se para sempre!”. Incrivelmente todo mundo concordou até mesmo o casal de padrinhos, formado por G. e sua mãe sorridente. Muitos aplausos!
 
Seguindo a tradição, Dalila jogou o buquê para a alegria da única mulher presente na cerimônia – a madrinha sorridente mãe de G.
 
Depois de seguir todos rituais de um belo casamento, Dalila e Tadeu seguiram para a lua-de-mel. Os recém-casados entraram no carro enfeitado com várias latinhas de alumínio penduradas no para-choque (Charles foi responsável pelo barulho das latas).
 
Para nossa surpresa, o nosso querido padre pediu uma carona e os três seguiram para a lua-de-mel.
 
E quem disse que o problema era o barulho das latinhas, hein!?!?!?

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

A Arte de Não Fazer Nada

Relato enviado pelo voluntário Adê (Palhaço Romão)
 
 


Sempre as pessoas querem saber exatamente o que a gente faz no hospital e a gente nunca sabe direito o que dizer, porque algumas vezes a gente joga, outras vezes a gente improvisa, outras a gente conversa e às vezes a gente não faz nada!
 
Uma vez entrei em um quarto no Menino Jesus com minha dupla Peleca. O quarto estava com pouca luz e logo na entrada, ao lado da cama, tinha uma mãe segurando a filha no colo. Na cama do fundo, tinha outra criança, mas ela estava dormindo.
 
Eu e Peleca ainda não sabíamos bem o que fazer, então parei em frente à mãe com a criança no colo. A criança estava acordada e quando me viu começou a sorrir. Continuei ali, parado, sem fazer nada, apenas olhando para elas e pensando em que fazer ou minha parceira sugerir algo.
 
Nada acontecia... apenas a criança continuava sorrindo com a minha presença ali. Parecia que ela ria do fato de eu estar ali travado, sem saber o que fazer!
 
Quando olhei para mãe, vi que ela estava chorando. Pronto, aí é que eu não sabia mesmo o que fazer!!
Eu só pensava: “E agora? Filha rindo e mãe chorando... O que fazer?!?! Por que a mãe chora? Por que a criança sorri? Não estou fazendo nada!!!”
 
Após alguns minutos naquela situação, a mãe finalmente falou algo: “Faz três meses que minha filha não dá um sorriso.”
 
Minha cabeça estava à milhão: “Meu Deus!!! Socorro, Peleca! Socorro enfermeira! Socorro alguém! Não posso chorar... ou posso?!?!?”
 
Continuei estático enquanto o mesmo acontecia: criança sorrindo, mãe chorando, palhaço imobilizado e outra palhaça apenas observando.
 
Foi quando Peleca parou de observar e fez alguma coisa para que saíssemos do quarto. Fui saindo, deixando uma criança sorrindo e uma mãe chorando sorrindo...
 
Peleca estava sempre ali, me apoiando, por isso que não desabei no choro.
Obrigado parceira!!!
 

terça-feira, 28 de agosto de 2012

Bolinhas de Sabão

 
Relato enviado pela voluntária Adriana (Palhaça Múrcia)

 
 




Uma das coisas mais curiosas que eu aprendi nessa minha vida de visitas aos hospitais é que enquanto os adultos encontram problemas em tudo, as crianças, de uma maneira simples e tranquila, encontram sempre soluções.
 
Eu me lembro que, há alguns anos, eu estava com o meu companheiro Zé Ferino na Sala de Observação do Menino Jesus onde encontramos um garotinho muito esperto e sorridente!!
Ele logo chegou perto de nós sorrindo e disse: “Quero bolinhas!!”
O pequeno era um paciente antigo do hospital, já estava super acostumado a nos encontrar lá e se referia às bolinhas de sabão!
 
Ah... as bolinhas de sabão... elas são tão lindas, simples e divertidas! São tão queridas por todos que confesso que já várias vezes senti ciúmes delas! É que elas são tão legais, que às vezes acho que gostam até mais delas do que de mim!!
Mas elas são lindas!! E como é gostoso perseguir e estourar cada uma delas!!
 
E quem éramos nós para negar um desejo de um pequenino tão simpático??
Assim, com toda destreza Zé Ferino sacou um frasco de bolinhas de sabão do seu bolso e soltou várias bolinhas! Foi uma festa na Observação!! Todos olhavam para as bolinhas e sorriam enquanto o nosso pequeno companheiro pulava, corria atrás delas e estourava uma a uma com um sorrisão delicioso!
 
Depois de muitos pulos e risadas, o garotinho disse com sua voz rouca: “Agora eu que quero soltar as bolinhas!”
Nós nos abaixamos para ficar mais pertinho dele e Zé Ferino levou o pequeno aro das bolinhas para que ele assoprasse.
Ele assoprou uma vez e nada aconteceu...
Foi aí que nos demos conta que ele tinha um aparelhinho de traqueostomia e que o sopro não chegava forte e inteiro à sua boca, para que ele pudesse assoprar para soltar as bolinhas!
 
Zé Ferino e eu nos olhamos com cara de desespero! Como tínhamos caído naquela situação? Como não tínhamos percebido que ele tinha o aparelho da traqueo? O que fazer??
 
Enquanto passávamos por esses segundos de desespero compartilhado, o garoto levou seu dedinho indicador ao aparelho e tampou o buraquinho da traqueo. Em seguida ele assoprou o aro soltando várias bolinhas!
Bolinhas lindas e coloridas!! As bolinhas de sabão mais lindas que já vi!!
 
Ele ainda estourou mais algumas bolinhas, sorriu pra gente, se despediu e foi embora com a sua mãe.
Nós ainda ficamos um tempinho na Sala de Observação, observando... observando algumas bolinhas de sabão que ainda voavam, observando o garotinho que ia embora e observando o quanto a vida é bela e simples quando a gente não faz a grande besteira de complicar as coisas.


 

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Tchauzinho


Relato enviado pelo voluntário Marcos (Palhaço Tadeu)




Muitas vezes perguntam pra gente como é entrar num quarto de hospital, mas às vezes a gente nem entra!
Porque não querem que a gente entre??
Não!! É porque da porta podem acontecer coisas fantásticas!!
 
Numa terça-feira dessas fomos ao Darcy Vargas Mixirico, Plínio e eu (Tadeu). Passamos pela porta de um quarto onde estava uma linda garotinha sozinha e usando uma máscara hospitalar.
Tadeu e Mixirico chegaram até a porta. Mixirico encostou-se ao batente na porta e acenou com a mão pra ela dando um tchauzinho. Tadeu, que estava atrás, foi fazer o mesmo aceno, mas como é meio atrapalhado acabou batendo, sem querer, na cabeça do Mixirico.
A garotinha começou a rir muito! Uma gargalhada deliciosa daquelas que treme o corpo todo!
 
A risada era tão boa que ficamos nesse jogo por um tempo! Cada vez que Tadeu acenava tchau pra ela, acabava batendo na cabeça do Mixirico e a garotinha gargalhava!
Mixirico cansou de apanhar e parou de acenar. Tadeu então pediu a ele que perguntasse a menina como se dizia tchau com as mãos. Ela respondeu acenando, que foi respondido por Tadeu, resultando novamente num tapa na cabeça do Mixirico... e novamente a gargalhada deliciosa aconteceu!
 
Nessa hora o Plínio chegou e Mixirico, num momento de esperteza, falou para ele ficar na frente do Tadeu e perguntar para a menininha como se dizia tchau com a mão. Assim Plínio fez, ela acenou tchau e Tadeu respondeu acenando e estapeando a cabeça do Plínio!
A gargalhada aí foi ainda maior!!
Tadeu se desculpava o tempo todo, afinal não era intensão dar tapas... ele só queria dar um tchauzinho!
 
Felizes com aquela gargalhada linda, os três saíram se despedindo.

Se despedindo como? Ué... dando tchauzinho, claro!!
 

terça-feira, 21 de agosto de 2012

Devemos Visitar Adultos?

Relato enviado pela voluntária Priscila (Palhaça Salamandra)




Sabemos que a razão de ser do nosso trabalho são as crianças. Acordamos por elas, fazemos oficinas por elas, colocamos nossos narizes também por elas, mas não podemos negar que um hospital não é um berçário e nele encontramos ademais dos pequeninos, aqueles que já cresceram. Especialmente, num hospital como o Emílio Ribas, onde a faixa etária média dos pacientes, deve ser de uns 27 anos.
 
E foi neste hospital que Doralina e Salamandra passaram a manhã de 4 de Agosto. Rapidamente, visitaram o andar da pediatria que, felizmente, estava vazio. Então, na sequência, começaram a desbravar novos territórios. Durante esta busca, enfiaram seus narizes num quarto onde encontravam-se dois rapazes maduros.
 
Diante da pergunta: - Podemos entrar? - o primeiro logo respondeu que sim.
 
Doralina se adiantou dizendo: - Tá vendo, ele me deixou entrar porque eu sou mais bonita.
 
- Você tá louca? - replicou Salamandra - Eu sou muito mais bonita que você. 
 
Enquanto o primeiro paciente tentava acalmar os ânimos, dizendo que ambas eram bonitas, Doralina alfinetou:
 
- Você tá sem espelho? Dá uma olhada neste monte de rugas.
 
- Rugas? Ai meu Deus, você acha que eu tenho rugas? - Preocupou-se Salamandra.
 
E de repente, o segundo paciente que, até então parecia não participar de nada, disse:
 
- Não se preocupe. É só colocar butox.
 
Muito animada, Salamandra já começa a se consultar.
 
- Finalmente! Temos aqui um médico. Tá na cara que ele entende do assunto. Me diga doutor, onde você acha que eu preciso colocar butox?
 
- E eu sei lá, eu sou cego. Fiquei assim esta semana.
 
E desembestou a rir. Ria sozinho, ria dele mesmo, ria da gente e para a gente.
 
E nestas horas eu pergunto: 
 
Devemos visitar adultos?
 

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

O Ovo ou a Galinha?

Relato enviado pelo voluntário Marcos (Palhaço Tadeu)





Eu gosto muito quando estamos no quarto do hospital e somos surpreendidos pelas as crianças! O que acontece com certa frequência.
 
Um dia desses, no Darcy Vargas, entramos num quarto, Batatinha, Janja e eu (Tadeu), e encontramos duas crianças; o menino M. (que começou a dormir de timidez quando nos viu entrando) e a garotinha C. bastante ligada!
O olhar da C. era de desconfiança, porém, o que saiu da sua boca foi uma afirmação: “Vocês não me enganam!”. Batatinha, então logo apresentou a nossa sabe tudo: Janja! E Tadeu, balançando a cabeça, dizia: “Ela sabe tudo mesmo.”.
Janja falava enchendo os pulmões: “Isso mesmo! Eu sei tudo! Pode perguntar qualquer coisa.”.
 
Esperávamos algo simples vindo de C., pois era apenas uma “criança”, e que, com certeza, a Janja saberia responder, mas a C. nos surpreendeu com a sua pergunta: “Ok! Quem nasceu primeiro: o Ovo ou a Galinha? Vai! Responde!”.
Hum... Nessa hora ficamos chocados com a pergunta da “criancinha” e começamos a olhar um para o outro nos questionando mentalmente – Puts, e agora? 
 
Janja dizia: “Ahhh... essa é muito fácil pergunta outra!“.
Mas C. continuava: “Não, responde quem nasceu primeiro o Ovo ou a Galinha.“.
Tadeu disse para a Janja responder sussurrando em seu ouvido. Janja sussurrou para Tadeu respondendo.
C. olhava desconfiada e logo perguntou: “O que ela disse?“.
Tadeu respondeu: “A resposta certa! Parabéns Janja você é o máximo!”.
C. perguntou novamente: “Mas diga, o que ela respondeu?”.
Tadeu foi ao ouvido do Batatinha e sussurrou a resposta e disse: “Pronto!!”
Batatinha confirmou balançando a cabeça que a resposta estava certa.
C. começou a ficar impaciente e ainda mais desconfiada. Será que a Janja realmente sabia a resposta?
Então, Janja, vendo a angústia de C., respondeu: “Quem nasceu primeiro foi a Galinha!“.
E todos nós concordamos!
 
C. ainda não estava muito certa disso e perguntou: “E a Galinha veio da onde?”.
De repente, o M. que até então estava “dormindo” entrou na conversa e disse: “Ela está certa. Foi a Galinha.”.
Começamos a parabenizar a Janja, que saiu do quarto se gabando.
 
C. ficou pensativa... Será que ela realmente estava certa, já que todos concordaram??
 
Acho que a dúvida irá persistir na cabecinha de todos...
 
E você sabe a resposta? Se souber, manda um e-mail para
C.@duvidaseternas.com.br.