Relato enviado pela voluntária Priscila (Palhaça Salamandra)
Sabemos que a razão de ser do nosso trabalho são as crianças. Acordamos por elas, fazemos oficinas por elas, colocamos nossos narizes também por elas, mas não podemos negar que um hospital não é um berçário e nele encontramos ademais dos pequeninos, aqueles que já cresceram. Especialmente, num hospital como o Emílio Ribas, onde a faixa etária média dos pacientes, deve ser de uns 27 anos.
E foi neste hospital que Doralina e Salamandra passaram a manhã de 4 de Agosto. Rapidamente, visitaram o andar da pediatria que, felizmente, estava vazio. Então, na sequência, começaram a desbravar novos territórios. Durante esta busca, enfiaram seus narizes num quarto onde encontravam-se dois rapazes maduros.
Diante da pergunta: - Podemos entrar? - o primeiro logo respondeu que sim.
Doralina se adiantou dizendo: - Tá vendo, ele me deixou entrar porque eu sou mais bonita.
- Você tá louca? - replicou Salamandra - Eu sou muito mais bonita que você.
Enquanto o primeiro paciente tentava acalmar os ânimos, dizendo que ambas eram bonitas, Doralina alfinetou:
- Você tá sem espelho? Dá uma olhada neste monte de rugas.
- Rugas? Ai meu Deus, você acha que eu tenho rugas? - Preocupou-se Salamandra.
E de repente, o segundo paciente que, até então parecia não participar de nada, disse:
- Não se preocupe. É só colocar butox.
Muito animada, Salamandra já começa a se consultar.
- Finalmente! Temos aqui um médico. Tá na cara que ele entende do assunto. Me diga doutor, onde você acha que eu preciso colocar butox?
- E eu sei lá, eu sou cego. Fiquei assim esta semana.
E desembestou a rir. Ria sozinho, ria dele mesmo, ria da gente e para a gente.
E nestas horas eu pergunto:
Devemos visitar adultos?
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