Palhaço também conta histórias!
Neste blog você pode saber um pouco mais das nossas histórias vividas nos hospitais.

quarta-feira, 13 de agosto de 2014

O Quarto dos D.s.


Relato enviado pelo voluntário Paulo (Palhaço Arlindo)




Esse seria nosso primeiro quarto do dia, porém quando abrimos a porta e percebemos que o paciente estava em procedimento, visitamos os outros quartos do andar e seguimos nosso dia.
Quando estávamos prontos para pegar o elevador, vimos que a porta estava aberta e que a criança olhava para nós como se estivesse nos hipnotizando.
  
Trocamos um rápido olhar com o pai da criança e perguntamos se poderíamos entrar. Olívia viu a placa com o nome do menino na porta e logo foi falando: “Olá, então quer dizer que esse é o incrível D.?”. 
O pai respondeu que sim. 
Na sequência perguntei: “Se esse é o incrível D., você é o grande?”
E, para nossa surpresa, o pai respondeu: “Eu sou o grande D.!”
  
Olívia olhou para mim e estranhou aquilo tudo e começou a me questionar se todos que entravam naquele quarto viravam D. também e se o menino tinha o poder de hipnotizar as pessoas... 
Para surpresa dela, eu já estava contaminando e também tinha virado um D. 
Virei para a minha amiga e falei: “Olá, meu nome é D.!”
  
Olívia, muito confusa, começou a perguntar o nome de todos que estavam no quarto, e todos respondiam: “D.”,” D.”,” D.”..... “Eu sou o D.!” “Eu também.” “Ah que coincidência, eu também.”
  
Ela não sabia mais o que fazer, até que uma enfermeira entrou no quarto e Olívia pensou que finalmente alguém ali não seria D. Ela perguntou para enfermeira se o nome dela também era D., e, por incrível que pareça, a enfermeira também já havia virado D. 
  
Olívia percebeu que embora todos que entravam naquele quarto viravam D., apenas um D. usava fralda, foi aí que ela teve a brilhante ideia de deixar todos os D.s iguais e pediu para que eu colocasse a fralda também!
Logo ela percebeu que eu era um D. com defeito de fabricação, pois não sabia o lugar de colocar a fralda, coloquei na cabeça, nos ombros, na mão, nas coxas, na canela... menos no lugar certo.
  
Olívia tentava, mas toda vez que ela ia colocar a fralda corretamente, eu me virava e o verdadeiro D. caia na gargalhada, até o momento que ela conseguiu colocar a fralda em mim e me empurrou para fora do quarto.
  
Quando fui arremessado para fora do quarto, recuperei minha personalidade e voltei a ser o Arlindo! Demorei alguns minutos para entender aonde estava e quem realmente eu era, porém quando dei por mim, estava no meio do corredor do GRAACC, vestindo uma fralda e sendo literalmente alvo de muitos piadas e risadas de todos os enfermeiros e pacientes que passavam pelo corredor! 
Saí correndo desesperado pelos corredores do hospital, até encontrar uma saída de emergência e sumir da frente de todos !
  
Enquanto eu buscava uma saída, Olívia e o verdadeiro D. riam da minha cara e ainda mais da fralda que eu estava usando!
  

quarta-feira, 6 de agosto de 2014

São Benjamim


Relato enviado pela voluntária Daniele (Palhaça Clô)



No último quarto da UTI havia três crianças internadas: L, C e uma linda bebê, bela como uma flor de jasmim.

Já tínhamos tido um jogo estabelecido lá fora com os pais e quando chegamos foi uma continuação.
Mas a mãe da pequenina Jasmim não estava muito no jogo, pois a bebê estava tossindo muito! E ela até comentou com a gente: "Ela não pára de tossir!"
  
Múrcia nos contou então que quando ela era pequena, sua mãe falava assim quando alguém tossia muito: “São Braz, São Braz! Socorre esse rapaz!”
  
Resolvemos tentar!
Múrcia, Coriza e eu falamos juntas: “São Braz, São Braz! Socorre esse rapaz!”

E... nada!!
  
Com o fracasso da nossa tentativa, concluí: “Ah! Mas é muito generalizado e é pra homem né!?”
Hum... tínhamos uma conclusão! Precisávamos encontrar o santo correto para alcançarmos a graça desejada!
  
Então tentamos com a Santa Nina!
Falamos as três juntas: “Santa Nina! Santa Nina! Socorre essa menina!”
  
E nada!
  
Estávamos tristes e abaladas! O que mais precisávamos fazer?
Foi aí que eu disse: “Assim não dá!! Precisa ser mais específico!”
Múrcia, grande conhecedora santística, disse: “Só pode ser São Benjamim!”
  
Nos enchemos de esperanças e juntas, com muita fé, dissemos: “São Benjamim! São Benjamim! Socorre essa pequena flor de jasmim!”
  
Neste exato momento, a pequenina flor parou de tossir!
  
Todos ficaram se entreolhando... os outros pais meio incrédulos... a mãe só levantou o olhar...
E nós... bom nós fomos saindo de fininho...
  
Quando chegamos à porta a pequenina ameaçou um novo acesso de tosse... 
Prontamente entoamos mais alto: “São Benjamim! São Benjamim! Socorre essa pequena flor de jasmim!”
E a tosse parou de novo!
  
Os pais riam maravilhados!!
E nós... bom nós fomos embora logo, antes que Santo Clown não conseguisse mais nos salvar!