Relato enviado pela voluntária Paloma (Palhaça Lorena)
No corredor do sétimo andar, descobrimos uma enfermeira muito legal que tinha um nome que nos lembrava um reggae!
Rubi, Doralina e eu começamos a cantar e dançar o reggae: “Don’t worry about a thing, cause every little thing is gonna be alright”.
Nós nos empolgamos muito com a música e perseguimos a enfermeira que ria, até entrarmos em um quarto. Continuamos cantando e dançando.
Dentro do quarto tinha um jovem deitado na cama, praticamente inconsciente, e seu pai, um homem de uns cinquenta anos de idade.
A pedido da enfermeira, nós diminuímos um pouco o volume da música, mas isso não foi suficiente para impedir que o pai nos mandasse embora.
Fiquei triste e suspirei contrariada. O pai explicou que o filho não podia nem rir daquele jeito. Perguntei se o pai também não poderia rir e ele respondeu que naquela situação não tinha como rir.
Vendo a seriedade do pai, Doralina tentou consertar dizendo que rir é o melhor remédio, mas o pai insistiu em nos mandar embora.
Rubi e Doralina já estavam na porta, quase indo embora... Eu respirei e parei alguns segundos olhando nos olhos daquele homem.
Vi tanto sofrimento que não pude simplesmente ir embora. Tive vontade de estender minha mão na direção do pai e foi o que fiz. O homem me olhou um tanto surpreso e ressabiado, mas estendeu a mão dele na minha direção. Depois de segundos, aquele aperto de mão se transformou em um abraço afetuoso.
Doralina e Rubi voltaram e repetiram o gesto. Saímos do quarto e o pai já não estava mais tão tenso.
Vi certa gratidão no último olhar que troquei com ele e, com certeza, ele viu essa mesma gratidão nos meus olhos.