Relato enviado pelo voluntário Adê (Palhaço Romão)
Sempre as pessoas querem saber exatamente o que a gente faz no hospital e a gente nunca sabe direito o que dizer, porque algumas vezes a gente joga, outras vezes a gente improvisa, outras a gente conversa e às vezes a gente não faz nada!
Uma vez entrei em um quarto no Menino Jesus com minha dupla Peleca. O quarto estava com pouca luz e logo na entrada, ao lado da cama, tinha uma mãe segurando a filha no colo. Na cama do fundo, tinha outra criança, mas ela estava dormindo.
Eu e Peleca ainda não sabíamos bem o que fazer, então parei em frente à mãe com a criança no colo. A criança estava acordada e quando me viu começou a sorrir. Continuei ali, parado, sem fazer nada, apenas olhando para elas e pensando em que fazer ou minha parceira sugerir algo.
Nada acontecia... apenas a criança continuava sorrindo com a minha presença ali. Parecia que ela ria do fato de eu estar ali travado, sem saber o que fazer!
Quando olhei para mãe, vi que ela estava chorando. Pronto, aí é que eu não sabia mesmo o que fazer!!
Eu só pensava: “E agora? Filha rindo e mãe chorando... O que fazer?!?! Por que a mãe chora? Por que a criança sorri? Não estou fazendo nada!!!”
Após alguns minutos naquela situação, a mãe finalmente falou algo: “Faz três meses que minha filha não dá um sorriso.”
Minha cabeça estava à milhão: “Meu Deus!!! Socorro, Peleca! Socorro enfermeira! Socorro alguém! Não posso chorar... ou posso?!?!?”
Continuei estático enquanto o mesmo acontecia: criança sorrindo, mãe chorando, palhaço imobilizado e outra palhaça apenas observando.
Foi quando Peleca parou de observar e fez alguma coisa para que saíssemos do quarto. Fui saindo, deixando uma criança sorrindo e uma mãe chorando sorrindo...
Peleca estava sempre ali, me apoiando, por isso que não desabei no choro.
Obrigado parceira!!!