Relato enviado pelos
voluntários Paulo, Fernando e Paloma (Palhaços Arlindo, Bernardino e Lorena)
Estávamos andando despretensiosamente por um corredor do hospital Emílio Ribas, Bernardino, Arlindo e eu, quando fomos abordados por uma médica.
- Ei, palhaços! Que bom encontrar vocês! Tem um paciente que faz aniversário hoje, mas está em isolamento e não pode receber visitas. Vocês podem ir lá no quarto dar os parabéns para ele, né?
-Claro que sim!
- Seu desejo é uma ordem!
- Eba, eu adoro festa de aniversário!
Avental branco.
Máscara branca.
Nariz vermelho por cima da máscara.
Palhaços em ação!
Entramos no quarto em silêncio.
Bernardino abaixou a cabeça em direção ao chão e fez de suas costas um bolo de aniversário.
Arlindo apoiou o cotovelo em cima das costas do Bernardino e fez de seus três dedos velinhas.
Eu fiz o mesmo que Arlindo, mas com dois dedos, afinal, o aniversariante estava completando 32 anos de idade.
Silêncio mais um pouco.
O aniversariante olhava pra gente sem entender nada.
De repente...
Parabéns pra você
Nessa data querida
Muitas felicidades
Muitos anos de vida!
E pro T. nada!
Tudo!
Então como é que é?
É pique, é pique
É pique, é pique é pique
É hora, é hora,
É hora, é hora, é hora
Rá tim bum!!!
Ficamos tão animados, cantando parabéns que só percebemos no final da música que o aniversariante limpava suas lágrimas no canto dos olhos.
Foi um choro de alegria, de emoção. Foi um choro de quem não estava acreditando que alguém se lembrou do seu aniversário.
As velinhas estavam quase se apagando.
- Ei, não vai apagar as velinhas?
Foi aí que o aniversariante respirou fundou e assoprou as velinhas com toda vontade do mundo.
- E aí, fez um pedido?
- Claro que eu fiz.
- Então conta pra gente o que pediu?
- Eu não.
- Conta vai...
- Não posso contar. Se eu contar não vai se realizar!
Não descobrimos qual foi o pedido, mas eu ganhei o primeiro pedaço do bolo.
Depois de divagarmos sobre os nossos desejos de aniversário, Arlindo e eu decidimos deixar o bolo de aniversário de presente para o aniversariante.
Arlindo e eu nos despedimos e fomos embora.
Opa!
O bolo era o Bernardino.
Caramba! Deixamos nosso parceiro no quarto!
Quando olhamos pra trás no corredor, vinha o Bernardinho, correndo com medo de ser engolido pelo aniversariante, pedaço por pedaço.