Palhaço também conta histórias!
Neste blog você pode saber um pouco mais das nossas histórias vividas nos hospitais.

quarta-feira, 27 de março de 2013

O quarto do coração!

Relato enviado pela voluntária Catarina (Palhaça Pepa)
 
 
 

Estávamos andando pelo corredor quando olhamos para dentro de um quarto e não havia ninguem por ali... ah é sempre muito frustrante quando não há ninguém. OK... ficamos felizes porque são menos pessoas doentes, mas no fundo existe um sentimento de que poderiamos descobrir algo genial ali.
  
A caminhada continuou, mas, de repente, a Bom Bom disse: - Não... esperem! Tem gente ali!”
E tinha gente mesmo! Gente bem encolhida, no cantinho do quarto! Mãe e filha, no canto da cama, tão encolhidas que realmente não dava para ver da janela.
Aiiii que ansiedade!!
  
Pepa: - Acho que elas não podem nos ver! Vou passar despercebida... (Coloquei meu rosto na porta do quarto e saí rapidamente).
Giba: - Deixa eu tentar! (rosto na porta do quarto).
Bom Bom: - Agora eu!! (assim repetindo).

Pepa entrou no quarto, passando correndo e se escondendo atrás de uma cama. E, assim, todos nós fomos nos escondendo pelo quarto.
A menininha ficava nos olhando e falando: - Te achei, te achei!!
Estava muito difícil nos escondermos por ali, principalmente a Bom Bom, que é altíssima!!!
Então, para facilitar, tiramos a Bom Bom do quarto! Voltamos com ela no colo, e escondemos no sofá, mas a menininha nos achou novamente!
OK! Desistimos! Ela sempre nos achava!
  
Quando estávamos frustrados por não conseguirmos nos esconder, entrou uma médica para verificar o coração, pulmão, e tudo o que deveria ser verificado...
 
Ela nos disse: - Fiquem aqui, viu? É muito rápido, só vou verificar o coração da princesa.
Pepa: - Pronto, doutora, pode verificar meu coração!
Doutora: - Nãooooo!! Ela que é a princesa você não!
Bom Bom: - E eu, posso ser?
Doutora: - Não! É ela!
Menininha: - Sou eu, sou eu!!!
Giba: Mas eu posso ser príncipe? – usando todo o seu charme.
E a mãe disse: - Pode sim!
Giba: - Ahhh então pode verificar meu coração!
  
A doutora colocou o estetoscópio no peito de Giba e disse: - Ué não escuto nada! Acho que você esta sem coração!
Giba: - Oh não!!! E agora?????
 
Todos se desesperam para conseguir um coração novo para Giba.
Eu avistei uma sandália embaixo da cama que tinha corações! Tentei pegar a menininha não deixou! Quando tentei encostar ela disse: - Nãoo!!
E eu me assustei horrores!!
Desepero total!! Era impossível conseguir pegar aquele coração!
  
Bom Bom então pegou uma folha de papel e pediu para a mãe desenhar um coração para ele!
Ela desenhou e a menina deu o coração ao Giba.
  
Todos nós saímos felizes!! Principalmente o Giba!! Afinal, não é qualquer um que ganha o coração de uma princesa!!
 

quinta-feira, 21 de março de 2013

Adulto ou Criança??

Relato enviado pelo voluntário Fábio (Palhaço Tunico)
 
 
 



Passando pelo corredor no Emílio Ribas, Tunico e Dona Saradona observam que dentro do quarto havia um rapaz recebendo medicação na veia e deitadão com os pés enormes, calçados apenas com meias.
Tunico e Dona Saradona se olham como quem dizem “O que esse cara tá fazendo num quarto de criança?!!”
Após uma leve discussão na porta do quarto tentando entender se era adulto ou criança, ambos pedem licença para entrar no quarto e o rapaz com um sorriso acena com a cabeça positivamente.
 
“Bom dia!” disse Dona Saradona seguida de Tunico.
O paciente responde com um leve sorriso e acenando com a cabeça seu “bom dia” tímido.
Antes de perguntar seu nome, Tunico viu que havia uma etiqueta na blusa do rapaz escrito “Hospital” e perguntou se esse era o seu nome.
O rapaz sorriu e só isso bastou para confirmar que era o seu nome no seu “crachá”.
 
Tunico começa a analisar o paciente e pergunta para Dona Saradona como podia um adulto estar num quarto de criança, mas Saradona questiona se ele era adulto mesmo. Após algumas medições para saber a altura do paciente, Tunico chega à conclusão de que o rapaz tinha 1,82 de cumprimento.
Tunico pergunta: “Sr. Hospital, é 1,82 mesmo?”
O rapaz indica um “mais ou menos” com a cabeça. Eureca!!
Mas estatura 1,82 quer dizer que é adulto, não?

Dona Saradona e Tunico se olham e começam a tentar encontrar algum vestígio que indicasse que havia algum adulto naquele corpo.
Um pouco de barba aqui, um pouco de pelos ali...
Tunico propõe um jogo de perguntas onde só valiam como respostas “sim” ou “não”, e o rapaz aceita de pronto.
Dona Saradona pergunta se ele jogou Atari na infância e ele sorri dizendo que sim.
Hum... bastou isso para as perguntas navegarem entre Xou da Xuxa, Pac Man e Tênis Conga!

Os sorrisos tímidos do paciente iam aumentando à medida que Saradona e Tunico se empolgavam com as perguntas.
Após chegarem à conclusão que o rapaz realmente havia vivido a infância numa época sem internet e com jogos de Atari, surge a grande dúvida!
Será que realmente não podia adulto naquele quarto?
Os dois se olham e Tunico diz: “Sr. Hospital, qual seu nome completo para vermos na enfermaria se o senhor está no quarto certo?”
O paciente, antes de responder, tosse por 3 vezes.
Bastou isso para os dois entenderem que ele se chamava Sr. Hospital Cof Cof Cof.

Tunico e Dona Saradona resolveram buscar mais informações no balcão da enfermaria para entender o que estava acontecendo, enquanto o Sr. Hospital Cof Cof Cof ficava rindo no quarto.
 

quarta-feira, 13 de março de 2013

Adeus à Jóia

 

Dizem que as jóias são objetos de grande valor.
Mas essa era uma pessoa!
Muito mais que uma pessoa! Ela era uma palhaça!!
 
Se ela tinha valor?
Nossa!!
Ela era valiosíssima!
Conviver com ela, jogar com ela, rir com ela... ah essas coisas maravilhosas que não tem preço!!
 
E o brilho então?
Uau!!
Ela iluminava cada cantinho, de cada lugar, de cada sala, de cada recepção, de cada quarto de hospital que ela visitava!
 
Ela iluminou a vida de cada um de nós!
 
No último domingo a nossa Jóia foi embora.
Mesmo entendendo que o adeus é inevitável o nosso Arco-Íris está meio opaco.
Vamos demorar um tempinho para aprender a viver sem o seu brilho.
 
Mas sabemos que, de um lugar muito especial, ela vai continuar brilhando... brilhando ainda mais forte! 
 
Sua amizade, sua generosidade e sua história sempre serão parte da nossa amada Operação Arco-Íris.
 
Jóia querida, saudades eternas.
 

quarta-feira, 6 de março de 2013

Toda cabeça tem direito a um chapéu!

 
Relato enviado pelo voluntário Marcos (Palhaço Tadeu)
 
 



Um dia desses, Clô, Ascarez e Tadeu avistaram da porta de um quarto uma menininha desenhando com sua mãe ao lado.
Tadeu olhou para Clô e fez um “Xiiiii!!!”, colocando o dedo indicador na frente da boca e pedindo silêncio. Clô, que estava logo atrás de Tadeu, olhou para Ascarez e fez a mesma coisa “Xiiiiiiii!!!”.
 
A menininha não deu nem bola para nós três, mas como não desistimos nunca, começamos a entrar um atrás do outro, tendo o Tadeu na frente andando devagar, seguido por Clô, que era seguida por Ascarez.
Os três chegaram bem próximos e a menininha nada.
 
Tadeu, em mais uma tentativa, bateu duas palmas de leve e olhou para a Clô, que recebeu o estímulo e fez o mesmo, mas olhando para o Ascarez. Ascarez, atrapalhado, bateu três palmas. Nesse momento a menininha deu um sorriso e olhou para a mãe, como se perguntasse: “Quem são esses bobões?”
Então continuamos no jogo, hora Tadeu puxava um estalar de dedo, que o Ascarez no fim fazia errado, hora era um assobio e assim foi, sempre a menininha, olhando para a mãe e dando um sorriso.
 
Uma hora Tadeu mandou Clô se aproximar da menininha lentamente. Clô, sendo super cuidadosa, começou a caminhar na direção dela, quando pela a primeira vez ela deu uma olhada para a Clô com sorriso no rosto, como se perguntasse o que a Clô estava querendo fazer.
Clô parou imediatamente, disfarçou e retornou. Depois foi o Tadeu e a menininha fez o mesmo. Tadeu prontamente também disfarçou e retornou. Por último o Ascarez fez a mesma coisa. 
 
Quando começamos a discutir entre nós, pois um acusava o outro de ter feito barulho, Ascarez tirou o chapéu da cabeça para continuar a discussão que nesse momento estava com a Clô.
Foi quando a Clô disse: “Mas aí não é justo! Eu não tenho um chapéu!”
A menininha, que acompanhava atentamente toda aquela confusão, ficou muito sensibilizada com a situação da Clô! Ela pegou uma folha de papel e começou a dobrá-la, dobrá-la e dobrá-la, até que no fim esse papel virou um chapeuzinho.
Ela segurou o chapéu com sua mão e esticou até a Clô, dizendo: “Pronto! Agora você tem um!”
Clô ficou super feliz. Mas agora Tadeu era o único que não tinha Chapéu! Enquanto ele começava a choramingar, a menininha novamente fez as dobraduras no papel e fez outro chapéu, que ela logo entregou para o chorão.
No fim ela fez uma para o Ascarez também, que, vendo a cena, começou a barganhar o seu chapeuzinho!
 
Então o trio fez o que tinha que ser feito: saíram marchando como soldados, com seus lindos chapéus na cabeça!!