Palhaço também conta histórias!
Neste blog você pode saber um pouco mais das nossas histórias vividas nos hospitais.

quarta-feira, 25 de março de 2015

Jet Lee e o Pepino


Relato enviado pela voluntária Daniele (Palhaça Clô)




No corredor do quinto andar nos deparamos com a faxineira do corredor que estava se lamentando por não ter um amor em sua vida.
Pecado!

Então Crispim disse assim:
- Vamos fingir que agora eu sou Deus! Como que você pediria pra Deus um namorado?!

E então ela começou a fazer o seu pedido:
- Ô Deus! Me mande um amor pra minha vida que eu não quero mais ficar sozinha!

De repente, no corredor, surge o Jet Lee (um rapaz chinês, que pouco falava português, de um encontro que tivemos antes de entrar no corredor!)

Crispim emenda:
- Achei! Vem aqui Jet Lee!

 E ele foi...

- Diga algumas palavras de amor pra essa mulher! Em chinês!! – pediu Crispim.
- Mas você não entender o que vou falar! – ponderou Jet Lee.
- Então faz mímica! - disse Durval.
- Mí...?? – tentou perguntar Jet Lee.
-Clô! Explica como é! – ordenou Crispim

A Clô começou a fazer a mímica (como nos jogos de imagem e ação) para a palavra amor!

Jet Lee olhava, sem entender porque que cortava palavra e da onde surgia cada sílaba!

- Sua vez Jet Lee! – disse Clô.

Ele colocou a mão no pescoço!
- PE!!!!! – gritaram todos.
Jet Lee olhou assustado e piscando!
- PI!!!!! – Gritaram os palhaços!
- Pe... Pi .... PEPINO!!
- PEPINO???? – indagou a faxineira.
- O que ser pepino??? – perguntou Jet Lee!

Ai meu Deus! Que confusão!!

- Ah! Um desse eu não quero não!! Eu vou é embora que tenho mais o que fazer! Que Deus de quinta categoria!! – disse rindo a faxineira e já saindo daquele corredor.


Eu confesso que não sei como saímos dessa, porque eu ri de chorar diante daquela confusão!

quarta-feira, 4 de março de 2015

Penteados Paliativos


Relato enviado pelo voluntário Fabio (Palhaço Bordô)




Um profissional do hospital Emílio Ribas nos informou que uma paciente em estado “paliativo” estava precisando de palhaços.

Descobrimos, naquele instante, que se tratava de uma paciente num estado sem cura, no qual a morte é questão de algum tempo, isto é, a Medicina nada mais poderia fazer por aquela pessoa.
Num primeiro momento reagi com certo receio, mas, sem hesitar, encaramos o desafio.

Era uma jovem de 20 anos, que estava quase paralisada em sua cama. A Dália gostou muito do penteado da paciente e quis imitá-la. Eu fui o cabeleireiro. A paciente já esboçava sorrisos.
Fiz uma bagunça no cabelo da Dália, mas no final ficou parecido como o penteado da paciente.

Sugeri que a Dália fizesse o mesmo penteado no meu cabelo. Entretanto, quando Dália tirou meu chapéu, descobrimos que não tenho cabelo! Mesmo assim, ela fez um penteado imaginário. A paciente, sempre sorridente, nos acompanhou no jogo até o final.

Quando desfilamos os penteados, pedimos uma nota e, surpreendentemente, fiquei com a nota 10 e a Dália com a nota zero!

A paciente esteve conosco o tempo todo. Decretamos vida no quarto e fomos recebidos com vida pulsante, que até quis “sacanear” a Dália ao final, algo que é muito humano.

Foi uma experiência incrível.