Palhaço também conta histórias!
Neste blog você pode saber um pouco mais das nossas histórias vividas nos hospitais.

sexta-feira, 22 de junho de 2012

O Bebê!


Relato enviado pelo voluntário Fábio (Palhaço Bordô)


 

Logo que chegamos ao elevador do andar térreo, uma mãe nos anunciou que o quarto 411 tinha um bebê só. Isso mesmo leitor, o bebê estava solitário. Duvidei um pouco, mas o número 411 não saiu da minha cabeça. Depois de atuar no quinto andar, descemos para fazer o quarto andar e nos deparamos com o bebê no quarto 411. Era real, o nenê estava sozinho. Foi o momento mais incrível do dia e talvez deste ano. Me explico: O bebê interagia conosco de uma maneira linda. A cada investida nossa, um belo sorriso do nenê. Ele nos entendia, algo que não é comum nas nossas visitas aos bebês. O olhar da criança era tão claro, tão verdadeiro, tão único e a reação do singelo rosto era tão mágica que aprendi algo naquele momento. Me veio a mente que ele simplesmente estava ali por inteiro, completo. O nenê era um ser na sua plenitude, pois tinha uma luz no olhar que nos encantava. Os papéis foram invertidos, o palhaço era ele e nós viramos criança.

Será que precisamos simplesmente ser para encantar o outro? Isso implicaria num estar por completo para sermos o que somos.

Será que precisamos de truques? Precisamos de disfarces?  De máscaras?

Paro e penso...

Acho que para resgatar esse ser, precisamos nos desintoxicar de tudo que nos impedia de sê-lo.

Sugiro uma receita para um bom começo: vestimos a nossa melhor roupa que sempre sonhamos para nós, mas não queríamos mostrar para ninguém, uma pintura leve no rosto para que os outros vejam o que mais valorizamos na expressão da nossa criatura e uma mancha vermelha no nariz que nos dará permissão para entrar numa infinita diversidade de universos variados.

Sejamos.

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