Relato enviado pelo voluntário Fábio
(Palhaço Bordô)
Logo
que chegamos ao elevador do andar térreo, uma mãe nos anunciou que o quarto 411
tinha um bebê só. Isso mesmo leitor, o bebê estava solitário. Duvidei um pouco,
mas o número 411 não saiu da minha cabeça. Depois de atuar no quinto andar,
descemos para fazer o quarto andar e nos deparamos com o bebê no quarto 411.
Era real, o nenê estava sozinho. Foi o momento mais incrível do dia e talvez
deste ano. Me explico: O bebê interagia conosco de uma maneira linda. A cada
investida nossa, um belo sorriso do nenê. Ele nos entendia, algo que não é
comum nas nossas visitas aos bebês. O olhar da criança era tão claro, tão
verdadeiro, tão único e a reação do singelo rosto era tão mágica que aprendi
algo naquele momento. Me veio a mente que ele simplesmente estava ali por
inteiro, completo. O nenê era um ser na sua plenitude, pois tinha uma luz no
olhar que nos encantava. Os papéis foram invertidos, o palhaço era ele e nós
viramos criança.
Será
que precisamos simplesmente ser para encantar o outro? Isso implicaria num
estar por completo para sermos o que somos.
Será
que precisamos de truques? Precisamos de disfarces? De máscaras?
Paro
e penso...
Acho
que para resgatar esse ser, precisamos nos desintoxicar de tudo que nos impedia
de sê-lo.
Sugiro
uma receita para um bom começo: vestimos a nossa melhor roupa que sempre
sonhamos para nós, mas não queríamos mostrar para ninguém, uma pintura leve no
rosto para que os outros vejam o que mais valorizamos na expressão da nossa
criatura e uma mancha vermelha no nariz que nos dará permissão para entrar numa
infinita diversidade de universos variados.
Sejamos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário