Relato enviado pelo voluntário Eduardo (Palhaço Giba)
- Podemos entrar?
- Claro, fiquem a vontade.
Quase um convite para tomar um café em sua casa. Casa da dor que acaba dando lugar à piada.
Parece que transformar sofrimento em riso é mais simples e mais profundo do que eu imaginava.
Bastou que estivéssemos lá para tudo acontecer.
- Eu sou modelo.
- É sim, modelo. Modelo da Ultragaz!
A ponte estava construída. A conexão não do gás, mas de quem antes do "Claro, fique a vontade" não tinha e nem sabia de que ali dentro, havia força para tirar um sarro.
- Múrcia, casa comigo?
- Não, ela vai casar comigo.
- Não, ela vai casar comigo.
(duelo espartano entre Baltazar e Giba)
De repente, aquela que estava quieta, deitada, bastante debilitada, sugere:
- Case com os 2! Ai, vira a Dona Flor e seus 2 maridos.
E quem diria que essa sugestão veio de quem já teve 2 maridos? Um que a abandonou com o filho e outro que a passou o HIV e morreu. Uma história que só não é mais triste por que não houve espaço para o Padre, ou a "Padra", ficar se remoendo. Sim, ela foi o "Padre", que fez o sinal da cruz, abençoou, disse " Podem beijar a noiva" e depois jogou até arroz imaginário. E o imaginário foi mesmo real naquela hora, tão real, que a juíza, paciente da cama ao lado, falou pra gente passar a "Lua de Mel" em Itanhaém.
Nessa hora, Itanhaém passou a ser, para nós, a mais bela das praias porque devia ter um significado enorme pra ela.
Eis que a briga do noivo bonito e do feio deu lugar para a do tonto e do besta numa cerimônia maluca onde, primeira vez, o juiz e o padre emocionaram mais do que a noiva que, diga-se de passagem, estava linda de boina vermelha.
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