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quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Quarto Ao Contrário = otrauQ oA oirártnoC


Relato enviado pelo voluntário Paulo (Palhaço Arlindo)

 
 
                                                                                      Ilustração Felipe Tognoli

Estávamos passando pelo quarto de um garotinho e uma menina, quando perguntei se podíamos entrar, o menino disse que eu podia, logo pensei, Charles não pode, então pedi para que ele ficasse lá fora enquanto eu ia perguntar se ele também poderia entrar.
 
Enquanto Charles ficava na expectativa lá fora... fui explicando para o pessoal do quarto que meu amigo Charles tinha um trauma de infância, que ele era tão feio que teve que aprender a andar com 11 meses, porque ninguém queria pegar ele no colo...
Combinei com a menina, a mãe dela, o menino e seu pai, que quando Charles entrasse no quarto, todos gritariam: “NOOOOOOOOSSA... QUE PALHAÇO BONITO”...
Ensaiamos duas vezes, até ficar bem harmonizado... Logo em seguida pedi para que Charles entrasse, avisando que o menino havia liberado sua entrada...
 
Quando Charles foi dar um oi para o pessoal, todos gritaram juntos: “NOOOOOOOOSSA... QUE PALHAÇO BONITO”...
Ahhhh isso foi música para os ouvidos do Charles, que ficou muito feliz, agradeceu a todos pelo elogio e começou a zombar de mim, falando que ele era bonito e eu feio... 
 
Foi nessa hora que contei toda a verdade para Charles, pedi para que ele fosse forte e entendesse o que acontecia naquele quarto! Disse: “Charles, isso não foi um elogio, na verdade, tudo que é dito nesse quarto tem um significado contrário, ou seja, quando eles falaram que você é bonito, na verdade eles disseram que você é feio!”
 
Daí pra frente tudo ficou realmente ao contrário naquele quarto, todos pegaram o espírito da brincadeira e começaram a falar as coisas no sentido contrário do tipo:
 
“você é feio” = “eu sou bonito”
“eu sou elegante” = “você não é elegante”
“thcau” = “oi”
“oi” = “tchau”
 
Ficamos ali por alguns minutos, e confesso que no final já estava muito confuso, já não sabia mais quando era certo, quando era ao contrário, mas o que ficou marcado naquele quarto foi no momento de ir embora, quando dizíamos “oi vamos ficar, porque não param de chamar a gente de bonito” = “tchau vamos embora porque não param de chamar a gente de feio”... Eles começaram a falar: “sim, vão embora palhaços, vocês são feios, não voltem” = “não, fiquem palhaços, vocês são bonitos, voltem”!
 
De uma maneira bem confusa nos sentimos muito amados!
 
 

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