Palhaço também conta histórias!
Neste blog você pode saber um pouco mais das nossas histórias vividas nos hospitais.

quinta-feira, 23 de outubro de 2014

O Rei das Dobraduras


Relato enviado pela voluntária Cinthia (Palhaça Olívia)



Num dos quartos o garotinho estava todo encolhido parecia que tinha dado um nó, mas logo percebemos que ele era o Rei das Dobraduras e estava lá deitado, todo dobrado, apenas descansando e prestando muita atenção a tudo que propúnhamos.

Janja: – Achamos! Enfim achamos! Esse é o Rei das Dobraduras! Me diga, como o senhor consegue se dobrar todo desse jeito? Quando tempo levou para se dobrar com tanta perfeição e maestria?

Ele olhava, olhava e ria! Acredito que ele tinha uma técnica e que não queria compartilhar com qualquer pessoa, então Pepa e eu fomos tentando desvendar aos poucos qual era a probabilidade de dobrar o corpo, tentando explicar que era fácil, fácil se dobrar daquele jeito...

Pepa: – É fácil! Acho que ele pegou o pé colocou pelo ombro e... Não pera! Acho que ele primeiro dobrou o joelho e o pescoço assim... ou... peraí...

Eu, olhando tudo aquilo, tentava entender e exemplificar a explicação da Pepa, com o meu próprio corpo, para melhor visualização! Mas eu não contava que na verdade a descrição dela estava dando um nó em mim mesma...

Percebendo isso a Janja disse: – Xiiii... estragou! Quando estraga a dobradura, a gente joga fora né?!

As duas unidas me jogaram pra fora do quarto como se eu fosse uma bolinha de papel amassada e sem valor.

Então a Janja começou: – Tá na cara que ele fez tudo diferente! Ele deve ter passado a mão pelo cotovelo e depois... Aaaa não, na verdade, acho que ele virou de lado e pulou o pé... Êpa!! Acho que não... humm deixa eu pensar peraí...

Enquanto ela descrevia a Pepa foi se entrelaçando toda, e também tinha se estragado!

Janja: - Ixi!! Agora essa aqui também se estragou toda, ué... Nossa e está com um cheiro bem estranho, que papel será que é este?

Abanando o cheiro que impregnava as narinas de quem estava no quarto, Janja pegou a Pepa e jogou pra fora do quarto também.

Todos riam muito e o menino não cabia em si de tanta diversão!
Afinal qual era aquele segredo? Por que o Rei da Dobradura não queria desvendar tamanho enigma?

No final ele mostrou só para Janja como se fazia para se desdobrar, mas eu acho que ela não prestou muita atenção...
Na verdade acabou piorando nossa situação! Saímos APAVORDOBRADAS pelos corredores com medo de dar mais que um nó!


quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Linda Eternidade


Relato enviado pela voluntária Mariana (Palhaça Dulce)



Otávio e eu entramos em um quarto do Instituto Emílio Ribas e nos deparamos com um garotinho (C.), no colo da mãe, que parecia nem ligar para nossa presença.

Olhando mais atentamente, percebemos que ele não focava o olhar em nada... A cabecinha pendia do pescoço e ele mexia os olhos pra lá e pra cá, e nunca focava em nada. A mãe precisou ir ao banheiro e colocou o pequeno deitado na poltrona. Ele mexia os olhos, mexia a cabeça para os lados e nada de olhar para nós ou para as bolhas de sabão, que começamos a soprar pelo quarto.

Em uma tentativa de chamar a atenção do C., fui fazendo bolhinhas mais perto dele... Muitas e muitas bolhinhas! Eu soprava o mais rápido que podia até ele ficar rodeado de bolhinhas, e ficava olhando esperançosa para ver se ele reparava em alguma delas. Nada acontecia e eu tentava de novo com mais e mais bolhinhas, mas nada mudava...
Até que em um momento fui pega totalmente de surpresa! Uma das bolhinhas foi voando na direção dos olhinhos dele.

Eu olhava e meio que via a cena em câmera lenta, acompanhando o trajeto daquela bolhinha. Ela foi, foi, foi (nenhum sinal de ele ter reparado nela ou em qualquer outra) e no momento em que passou pertinho de seus olhos eu observei: ele viu a bolhinha! Os olhinhos dele focaram nela, por segundos eu acho... mas eu percebi!
Eu percebi e me emocionei muito! Nesse período em que os olhos do C. enxergaram a bolhinha, as mãozinhas, antes paradas junto do corpo, imediatamente se moveram em direção à bolha, que estourou no ar em seguida.

Pensando agora, acho até que tudo isso aconteceu realmente muito rápido... em questão de segundos!
Mas foi tão mágico que me parece ter levado uma eternidade – e que linda eternidade!
  

quarta-feira, 8 de outubro de 2014

Trio Tum Pá


Relato enviado pela voluntária Rubia (Palhaça Dalila)



Dalila abriu a porta do quarto, do hospital Darcy Vargas, e perguntou “Aqui é o samba? Acho que estamos na lista VIP”. A mãe do garoto confirmou e Dalila, Aurora e Bernardino perguntaram se a banda já estava por lá.

A mãe disse que não e o trio ficou preocupado. Decidiram se virar, já que o público inteiro estava ansioso pela apresentação de samba.

Dalila pediu para Bernardino agitar e ele lançou a primeira música, cuja letra agitou todos que estavam no quarto “Te cutuco, me cutuca.” Todos, embalados pelas palmas e risadas do J., começaram a se cutucar e soltam outra estrofe “Te empurra, me empurra”. Envolvidos com a música, todos seguem os mesmos passos e outra estrofe para finalizar a música “Estica e Puxa”.

Bernardino, Aurora, Dalila, J. e a sua mãe entraram no clima e todos dançaram a música que viraria hits nas paradas de sucesso. Mesmo J., deitado na cama, com todos os aparelhos, se chacoalhava ao som das palmas, risadas, sorrisos e olhares.

A cada nova estrofe o trio soltava “Tum Pá”. E assim o samba foi terminando e saímos do quarto só no sapatinho.

Agora que você já sabe a letra, solte a voz. Se ainda não decorou, segue uma cola para você não se perder no ritmo:

Te cutuco, me cutuca
Tum Pá
Te empurra, me empurra
Tum Pá
Estica e Puxa
Tum Pá

  

quarta-feira, 1 de outubro de 2014

A Cidade de Todos


Relato enviado pelas voluntárias Roberta e Rubia (Palhaças Aurora e Dalila)




Entrar no quarto de uma adolescente é sempre um desafio. Mas, essa garota quando nos viu logo soltou “Ahhh que bom, adoro uma bagunça!”

Ela disse a palavra mágica, já que Dalila, Aurora e Bernardino adoram uma bagunça. Dalila já emendou que em Bernardópolis, cidade do Bernardino, era tudo bagunçado demais. Bernardino não perdeu tempo e começou a explicar como era a cidade dele, e todo mundo perguntando “Mas lá só moram Bernardinos?” “Quais os bairros da tua cidade?” e enquanto ele contava, I. olhou o crachá da Aurora e disse “Aurora é nome de princesa.”

Aurora imediatamente explica “Sim, na minha cidade só tem princesas – como não conseguia falar Aurorarópolis sem enrolar a língua, batizou a cidade de "Aurora City” e começou a fala sobre a cidade e, logo em seguida, Dalila começou a falar de como era Dalilópolis.

Depois que os três falaram de suas cidades, Aurora lança um desafio. Cada um tinha que defender num rápido horário político, de 40 segundos, a melhor cidade para I. escolher.

Dalila ficou responsável pela abertura do programa e a mãe da adolescente de cronometrar o tempo. Aurora foi a primeira a se apresentar e falou sobre a sua cidade. Na sequência foi Bernardópolis e Dalilópolis. Claro que os três estavam se alfinetando o tempo todo para conquistar a jurada.

Quando acabaram as apresentações, a I. pediu para fazer algumas perguntas aos candidatos e rolou uma sabatina. Os três estavam ansiosos para vencer a disputa e discutiam muito, quando ela disse:
“Por que vocês não param de brigar, juntam as três cidades e montam uma cidade com tudo isso de lindo que vocês falaram?”

Os três se olharam emocionados e batizaram a cidade com o nome da garota. Pegaram uma fita e fizeram a inauguração desta nossa cidade tão linda e ela cortou a fita. 

Gostamos desta ideia de montar uma linda cidade com tudo de bom que cada um tem para oferecer! Vocês nos ajudam?