Palhaço também conta histórias!
Neste blog você pode saber um pouco mais das nossas histórias vividas nos hospitais.

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Passagens

Relato enviado pela voluntária Paloma (Palhaça Lorena)




No sétimo andar do GRAACC, Estafúrcio e eu fomos em direção ao quarto do M., um bebê com aproximadamente um ano de idade.
A porta estava fechada e ouvimos um choro de criança lá dentro. Decidimos não entrar.

Visitamos os outros pacientes do andar e voltamos ao quarto do M. Desta vez, a porta estava aberta e ele estava quietinho no colo de sua mãe. Eu passei rapidamente pela porta, dando tempo apenas para uma olhadela. Estafúrcio fez o mesmo e começamos esse jogo de passagens rápidas pela porta, sem entrarmos no quarto. Os olhinhos do M. acompanhavam nossas aparições com interesse.
 
Em determinado momento, entramos no quarto e procuramos esconderijos.
O “aparece e desaparece” continuou. Ora o Estafúrcio passava depressa pelo M., com seus sapatos fazendo barulho, e se escondia, ora era eu quem aparecia rapidinho e trocava um olhar com o M.
Lorena passa e entra no banheiro.
Estafúrcio passa e se esconde atrás das cortinas.
Lorena passa e sai do quarto.
Estafúrcio passa e se esconde atrás da porta.
 
E assim foram inúmeras passagens, encontros e desencontros de nossos olhares com os olhos atentos do M.
Prosseguimos nosso jogo de esconde-esconde acelerado até Estafúrcio e eu ficarmos do lado de fora do quarto. Resolvemos nos despedir do bebê com mais algumas passagens rápidas pela porta. 
 
Depois dos acenos de tchau, não ouvimos mais nenhum choro dentro do quarto, só as risadas da mãe e do bebê.
 
 

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

O Parque de Diversões

Relato enviado pelo voluntário Cristiano (Palhaço Lourival)

 



A sala de observação, no térreo daquele hospital, normalmente cheia, estava com uma só criança e ainda tínhamos o pronto socorro para visitar, horário apertado e muitos médicos na porta, uma conferência barrando a nossa entrada.
 
Aquela criança deitada na cama com sua mãe ao lado, de alguma forma nos chamou a atenção e resolvemos entrar.
 
Como os palhaços são discretos, primeiro entramos na “roda” dos médicos e fomos nos ambientando com aquela sala, sob o olhar atento da criança que, aos poucos, foi demonstrando interesse por nossa presença.
 
Finalmente nos aproximamos e, pouco a pouco, ganhamos a confiança daquele menino que, com um dedo na boca e o outro apontado para nós, queria se comunicar. Pedia nossa aproximação dizendo que iria ao parque de diversões e queria nos levar!
 
– Ah sim, nós iremos – disse a ele, perguntando como ele iria conseguir se segurar no carrinho do parque com aquele dedo na boca?
 
Dona Saradona e eu mostramos como seria emocionante andar de montanha russa!!! O carrinho subindo (eu e minha parceira nos inclinando para trás) o carrinho descendo (eu e minha parceira nos inclinando para frente) e pros lados, balançando...
 
Quando vimos, nosso amiguinho já não estava com o dedo na boca e, apesar de tudo que o prendia naquela cama, nos divertimos em nosso parque de diversões!!
 
 

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

NOTÍCIA URGENTE!!!

Relato enviado pela voluntária Paloma (Palhaça Lorena)



Perto dos elevadores do sétimo andar havia duas funcionárias da limpeza passando cera no chão e conversando: “Já pensou se alguém passa correndo por aqui e leva o maior tombo?”.
 
Charles e eu saímos correndo em direção ao local encerado. Por sorte, fomos barrados por uma mulher sorridente que estava parada em frente da porta de vidro que separa os elevadores do corredor.
 
Lorena: “Foi aqui que pediram para entrarmos correndo?”.
Mulher: “Vocês não podem entrar ali!”.
 
Charles e eu continuamos tentando passar, por isso, aquela mulher, mãe de um paciente internado, foi categórica: “Palhaços, vocês estão de castigo! Ajoelhem-se no chão!”.
 
Até ficamos em dúvida, mas, diante da veemência da ordem, acabamos obedecendo. Instantes depois, a mulher nos liberou do castigo, nos acompanhou pelo corredor, parou em frente de um quarto, abriu a porta e disse: “Agora, podem dar só um oi para o meu filho, daqui da porta mesmo, porque ele está em precaução de contato.”.
 
Vimos a carinha de um jovem deitado na cama sorrindo.
 
Lorena: “Tan tan, tanananã, nananananã. Começa agora uma edição urgente do Jornal do Brasil! E, nesta edição, a notícia mais revoltante do dia: megera coloca palhaços de castigo ajoelhados no chão. Trata-se de uma mulher muito má que está solta pelos corredores, colocando palhaços inocentes de castigo. Cuidado, ela é perigosa! Qualquer informação, liguem para o disque denúncia. Essa foi mais uma edição especial do Jornal do Brasil.”.
 
Charles: “Tan tan, tanananã, nananananã.” (e outros sons).
 
O rapaz ficou atento à notícia e riu ao perceber que a mãe estava sendo chamada de megera. A mãe, por sua vez, ficou surpresa por ter protagonizado uma notícia de jornal e acabou rindo, mesmo sendo chamada de megera.
 
Assim que a porta do quarto foi fechada pela mãe, fugimos pelo corredor, com medo de novos castigos da megera risonha.
 

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Viagem à Lua

Relato enviado pelo voluntário Marcos (Palhaço Tadeu)




Lembro que quando eu era criança pensava em ser um astronauta e viajar para a lua... me imaginava pisando naquele solo único, parecido com queijo suíço, e flutuando a cada passo dado, como se estivesse seguro por cordas cênicas. Mas a vida foi virando real e a viagem para a lua se tornou um sonho distante. Até que no hospital Menino Jesus, em um sábado chuvoso, o meu sonho se realizou...
 
Avistamos (Dália e Tadeu) do corredor uma senhora dentro do quarto que estava deitada na cama de acompanhante como se estivesse em um hotel de férias. Junto a nós uma moça da limpeza sorridente.
 
Tadeu perguntou se a senhora gostaria de alguma coisa e ela, muito receptiva, disse que queria um suco de laranja. Tadeu então fez um suco de laranja do seu jeito (horrível) e entregou à senhora que recusou e pediu para que ele tomasse primeiro mostrando que era bem esperta.
 
A senhora era avó de uma bebê linda, com quem Dália trocava olhares. Do outro lado havia um garoto que olhava fixo para o teto. Tadeu se aproximou dele e Dália disse que o nome dele era D. e que era cego.
 
Naquele momento fiquei meio sem ação, mas logo em seguida me veio algo e agachei um pouco para ficar próximo do D. Comecei a fazer um barulho de foguete: "Tchuuuuuuuu".
 
Neste exato momento, D. começou a procurar com os olhos o que era aquele som e deu um sorriso. Dália, atenta, logo se encostou ao meu lado dando início a uma bela viagem!
Tadeu: – Permissão para decolar, permissão para decolar!
Dália: – Permissão concedida, contagem regressiva: 5,4,3,2,1...
Tadeu: – Tchhuuuuuuuuuuuuu.... PI, PI, PI. Estamos em órbita!
Percebia que o D. estava acompanhando tudo com muita atenção e alegria.
Tadeu: – Chegamos à lua comandante D. Dália pede permissão para desembarcar!
E Dália, com a permissão do comandante D., desceu à lua.
Tadeu: – O que você esta vendo Dália?
Dália: – Não sei direito Tadeu, mas parece ser uma criatura da lua – Indo em direção à senhora avó que assistia tudo.
Tadeu: – Tente contato Dália, repito, com o tato. – Fazendo sinais com os dedos.
 
Dália foi se aproximando da criatura e quando chegou bem perto à senhora deu um belo susto fazendo um “Búuu!!”.
Dália deu um belo pulo e voltou para a nave correndo.
 
Tadeu então desceu da nave e foi tentar fazer contato. Foi devagar se aproximando da criatura, tremendo as pernas que nem vara verde e com os pedidos de cuidado de Dália. E, quando chegou bem perto da avó alienígena, ela deu outro grande susto! Tadeu voou como um meteoro de volta para a nave.
 
Dália e Tadeu, com medo da criatura avó, acabaram avistando outro alienígena! Esse era azul (era senhora da faxina) e olhava sorridente aparentando ser mais amistosa. Tadeu se aproximou primeiro e disse que a alienígena azul era cheirosa, tinha cheiro de detergente. Dália se aproximou também e conseguiu contato (com o tato) dando um toque na mão. Missão cumprida!!!
 
Dália e Tadeu voltaram à nave do comandante D. felizes! E, um atrás do outro, voaram de volta para a Terra com a ajuda da alienígena azul que fez uma contagem regressiva meio estranha para nós, mais que deve ser normal na lua: “1 5 3 já!!”.
 
Apesar de não enxergar sei que D. viu tudo o que aconteceu nessa viagem maluca usando a sua imaginação. E eu realizei meu sonho de infância... Ser um astronauta e viajar para a lua!!
 
Obrigado comandante D.!!!