Palhaço também conta histórias!
Neste blog você pode saber um pouco mais das nossas histórias vividas nos hospitais.

quarta-feira, 21 de maio de 2014

A Pipa


Relato enviado pelo voluntário Fabio (Palhaço Tunico)




A UTI do Darcy Vargas nunca mais será a mesma depois da passagem de Tunico e Heitor.
  
O pequeno A. estava cabisbaixo, com a voz fraca e mesmo assim quis conversar com a gente.
Falamos sobre tudo, local de moradia, campos de futebol, postes e seus fios...
E falando de postes, A. disse que não podia empinar pipas porque na rua dele tinha muitos postes e “fios de choque”.
Perguntei se ele não ia para um parque para empinar as pipas e o garotinho com dificuldade respondeu que nunca havia ido a um parque.
  
Olhei para Heitor e rapidamente corri até o lavabo do local pegando uma folha de papel toalha e fui em direção da parede que havia uma pintura enorme do Pequeno Príncipe em seu planeta.
  
Heitor, percebendo minha ideia, fez o mesmo e fomos juntos com papel toalha, um pouco de sabonete líquido, grudando na parede os papeis e formando uma linda pipa para o garoto.
  
Quando terminamos nossa arte o garoto apontou para o pai e disse:
- Olha, pai, eles colocaram essa pipa no alto para mim!!!
  

quarta-feira, 14 de maio de 2014

A mãe friorenta


Relato enviado pela voluntária Adriana (Palhaça Múrcia)



  
Ao entrarmos na sala de Observação nos deparamos com um menininho acordado, todas as outras crianças dormindo e as enfermeiras e pais olhando pra gente aguardando o que faríamos...
  
Começamos com calma, até que a mãe do menino acordado se aproximou. Ela estava com um casaco de frio e no dia estava bem quentinho!
Aquilo chamou muito a atenção de Estafúrcio, que perguntou se ela estava com frio. Ela começou a rir e não respondeu. 
  
Estafúrcio estava impressionado e continuou a perguntar até que o frio da mãe começou a contagiá-lo. Eu estava comentando com as enfermeiras o quanto estava achando o clima agradável, quando percebi que, ao meu lado, meu amigo tremia e dizia que estava frio!! Eu não sabia o que fazer para ajudá-lo!!
  
Depois de alguns instantes sem saber o que fazer, finalmente o abracei e comecei a cantar uma música que lembrava o calor: “Rio 40º, cidade maravilha, purgatório da beleza e do caos...”. Ele foi se acalmando e finalmente voltou à temperatura normal!
  
A mãe friorenta havia sumido e Estafúrcio começou a caminhar pela sala elogiando a temperatura agradável, quando, do outro lado da sala, encontrou a mãe friorenta novamente! Os sintomas voltaram!! Estafúrcio tremia de frio!!!
Já sabendo o antídoto, corri até ele, o abracei e cantei: “Moro num país tropical, abençoado por Deus e bonito por naturezaaaa!”
  
Tudo voltou ao normal!! Ufa!
Todos riam bastante, principalmente a mãe friorenta.
  
Resolvemos sair de lá antes que o frio tomasse conta de Estafúrcio novamente, mas, a caminho da porta, encontramos mais uma vez a mãe friorenta e o mesmo problema voltou a acontecer!! 
  
O que me restou foi abraçar meu amigo e sair de lá agarrada nele cantando: “Alalaô ôôôô, mas que calo ôôôô...”.
  

quarta-feira, 7 de maio de 2014

O palhaço não acontece só no riso

Poema enviado pelo voluntário Fabio (Palhaço Bordô)



Uma senhora sentada numa cadeira
Um palhaço entra em cena
A senhora olha
O palhaço a olha
A senhora continua olhando
O palhaço inerte retribui o olhar
Sempre se espera algo do palhaço
Exceto aquela senhora que espera sem pesar
De olho fixado na senhora
O palhaço pôs-se a falar
“A senhora é a rainha em ajudar
Muita ajuda é o que planta
Colhe amor em troca de olhar”
De olhos embargados
A senhora segurou o seu chorar
O palhaço transformado
Viu no olho da senhora
Um reflexo inesperado
Que o riso não era necessário
Necessário era amar.


Bordô