Palhaço também conta histórias!
Neste blog você pode saber um pouco mais das nossas histórias vividas nos hospitais.

quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

Consulta Médica


Relato enviado pela voluntária Cinthia (Palhaça Olivia)



Na Quimioteca eu não passava muito bem sabe?!
(Na verdade eu não queria muito trabalhar, e acabei inventando que eu estava doente).
Vi de rabo de olho que uma menininha tinha o dom para medicina, já que estava com todas as ferramentas para cuidar de alguém que precisasse, e eu estava muito precisada!
Arlindo logo se prontificou em ser o ajudante enfermeiro e o Batatinha, o socorrista, que transportava o paciente de um lado para o outro.

A médica especialista disse que eu realmente não estava bem e começou a me examinar... primeiro queria ter certeza de que meu coração batia! Colocando o estetoscópio no meu peito achou algo muito estranho, meu coração batia feito uma escola de samba, todas as vezes que ela apoiava o instrumento em mim o samba só aumentava. (Arlindo batucando sem ninguém perceber).

Fui ficando preocupada... eu tinha inventado que estava doente para pegar atestado e não trabalhar, mas eu realmente comecei a me sentir um pouco debilitada, já que a médica dizia que eu não estava bem.

Ela examinou minha audição, dizendo que estava tudo entupido e que eu precisava de uma injeção nos ouvidos e no bumbum para voltar a ouvir.
- Aiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiimmmmmm. Ai Ai!
Arlindo e Batatinha me seguravam com um sorriso nos lábios (até agora não entendi o porquê)!
Minha situação era crítica!! Eu chorava porque não sabia que estava tão doente assim...Ufa!! Mas voltei a ouvir!!

- Pronto, Arlindo, já estou melhor! Obrigada Doutora, já estou bem para trabalhar! Tchau...
Arlindo: - Olivia, não era você que estava reclamando a pouco que seu joelho estava doeeeeeeennnndo!!?!?!?!??!?!
Olhei de cara feia para o Arlindo, ameaçando com o olhar “que ele iria ver só depois”...

A doutora rapidamente me mandou continuar sentada!
Lá era ela que mandava e eu não podia fugir. Ela me virou de um lado para o outro, olhou de frente de costas, agachada e com os pés para cima (dessa parte eu gostei! hehehe).
Só não pensei que viria o pior... ela disse que minha cura seria um tapa bem forte no joelho!
Gritei: - UM TAAAAPA??? Nãooooooooooo!!!!
Ela repetiu:  - Simmmm, um tapa simmmm, porque só assim você vai sarar e tomar juízo!
Eu, com cara de medo, não sabia o que fazer... Meus companheiros ainda risonhos me seguravam, e eu, com muito medo, olhava assustada enquanto o Arlindo estava prestes a abaixar a mão até meu joelho (o enfermeiro ajudante iria bater sem dó, nem piedade).

- Péeeeeraí.... Vai doer??
Arlindo: - Só um pouquinho, Olivia. Precisa ser bem forte!!
- Aiiiiiii....Péraí, Péraí... Tem certeza???
Arlindo: - Olivia, lógico que sim, ela é a médica! Ela estudou para isso, eu confio nela e você também deveria confiar!
- Eu confio... eu confiooooo.... Só que Péeeeeraaaí... me deu vontade de fazer xixi.....
Arlindo: - Olivia para de ser medrosa, e senta aí!!!

Nessa hora o Batatinha me segurou e apoiou meu joelho no seu joelho para que eu não tivesse escapatória! O Arlindo estava sedento, colocando toda sua força naquela mão, pestes a bater no meu pobre e delicado joelhinho. Todos na Quimioteca estavam na expectativa, esperando o momento certo.... até que....
Páaaaaaaaaaaaaaaaahhhhh (tapa estalando).
- Aiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii (grito de dor)!!!!!!!

No momento do tapa eu vazei!! Saí de lá num pulo muito rápido, tremendo de medo....  O tapa na verdade foi no joelho do Batatinha e o grito foi dele...
Saí gargalhando e aliviada... Ufa essa foi por pouco!
A gargalhada percorreu toda aquela ala. E os bobões saíram correndo atrás de mim... hahahahahahaha
 

quarta-feira, 26 de novembro de 2014

PLAFT!!


Relato enviado pelo voluntário Mauro (Palhaço Malavazzi)



PLAFT! Entrei no quarto sozinho e fechei a porta bem rapidamente! Fez até barulho! Me aproximei da mãe e da filha que estavam lá e comecei a puxar papo, mas elas não me olhavam, seus olhos estavam na porta.

- O seu amigo. Você deixou ele lá fora. Acho que a porta bateu nele quando ele ia entrar?
- Ai é? Sério? Nossa!

Logo fui correndo até a porta, abri e lá estava o Catarino, todo destrambelhado. Eu disse, em seguida:
- Ai... será que machucou? Será que fez dodói? Ai, ai. Será?

O Catarino abriu um sorriso discreto, pois achou que estava sendo paparicado por mim, mas logo viu que na verdade eu estava preocupado era com a porta!

- Ai, portinha! Desculpe, eu te bati muito forte? Eu te bati na cara dele? Nossa! Ela tá machucada sim! Tem até um pouco de maquiagem dele que ficou aqui na porta depois da batida! Nossa, desculpa mesmo! Deixa eu ver se a dobradiça também se machucou, só preciso fechar você aqui e... PLAFT!

- Você bateu a porta no seu amigo de novo, coitado!
- Ai, é? Nossa, nem percebi!

Abri a porta e o Catarino agora estava chorando, mais destrambelhado. As moças pediram para ele entrar e ele entrou com o corpo quase todo. Eu fechei a porta e logo me virei para conversar com elas. Enquanto conversávamos ouvíamos um barulho incômodo, uma lamentação, um som estranho.

- Você fechou a porta no braço do seu amigo! Ele tá chorando!
- Ai, é? Nossa, nem percebi!

Fui correndo até a porta, onde estava o Catarino semi-preso e o liberei. Senti que era hora de me desculpar.
- Sabe... eu não te tratei bem hoje. Fui negligente, não fui um bom amigo. Me perdoe!

Catarino abriu os braços para receber o meu abraço, mas eu passei reto por ele e fui me desculpar com a minha grande companheira: a porta!

Catarino saiu do quarto chorando e eu saí atrás dele, sem entender nada.

  

quarta-feira, 12 de novembro de 2014

A Moda é Usar Coque



Relato enviado pelas voluntárias Roberta e Rubia (Palhaças Aurora e Dalila)




Aurora, Dalila e Bernadino param na porta de um quarto e se deparam com uma linda garota carequinha, com uma toca de lã, em cima de uma escadinha na beira da cama. Ela estava finalizando um penteado em sua boneca. Aurora curiosa pergunta “Quem é ela?”. A menina parou, olhou para a porta e respondeu: “Meu bebê” e mostrou para o trio.

Os três entram no quarto e Aurora diz que “Nossa que lindo este rabo de cavalo”. A garotinha, imediatamente, corrige e diz “É coque”, e o trio arruma o elogio e fala: “Que lindo coque”. Se sentindo orgulhosa, ela diz que tinha feito.

Dalila disse então sobre a incapacidade de Aurora fazer um coque e logo a colocou sentada no sofá e começou a fazer o penteado. Quando terminou o coque em Aurora, Dalila pediu para B. um penteado também. Ela ficou muito animada e aceitou na hora arrumar o seu cabelo.

Pronto! As duas estavam lindas, mas só faltava o Bernadino ter um coque também. Dalila pergunta “E o Bernadino?”. A menina responde “Ele não tem cabelo, não dá para fazer coque.”

Dalila não hesitou e pegou papéis na pia, fez uns rolinhos e colocou na cabeça de Bernardino. B. logo disse “Isso é Maria Chiquinha, coque é assim” e foi rapidamente arrumar o cabelo de Bernardino.

Pronto! Os três estavam de coques desfilando orgulhosos com seus belos penteados no corredor do hospital e muito agradecidos com a B.

Depois de visitar outros quartos, o trio passou novamente pelo quarto da B. e pelo vidro viram uma enfermeira sentada no sofá e a garotinha fazendo um coque no cabelo dela também.


Viu como os coques fizeram sucesso? Isso mostra que qualquer um pode ter um belo coque. E você já tentou fazer o seu?

quinta-feira, 23 de outubro de 2014

O Rei das Dobraduras


Relato enviado pela voluntária Cinthia (Palhaça Olívia)



Num dos quartos o garotinho estava todo encolhido parecia que tinha dado um nó, mas logo percebemos que ele era o Rei das Dobraduras e estava lá deitado, todo dobrado, apenas descansando e prestando muita atenção a tudo que propúnhamos.

Janja: – Achamos! Enfim achamos! Esse é o Rei das Dobraduras! Me diga, como o senhor consegue se dobrar todo desse jeito? Quando tempo levou para se dobrar com tanta perfeição e maestria?

Ele olhava, olhava e ria! Acredito que ele tinha uma técnica e que não queria compartilhar com qualquer pessoa, então Pepa e eu fomos tentando desvendar aos poucos qual era a probabilidade de dobrar o corpo, tentando explicar que era fácil, fácil se dobrar daquele jeito...

Pepa: – É fácil! Acho que ele pegou o pé colocou pelo ombro e... Não pera! Acho que ele primeiro dobrou o joelho e o pescoço assim... ou... peraí...

Eu, olhando tudo aquilo, tentava entender e exemplificar a explicação da Pepa, com o meu próprio corpo, para melhor visualização! Mas eu não contava que na verdade a descrição dela estava dando um nó em mim mesma...

Percebendo isso a Janja disse: – Xiiii... estragou! Quando estraga a dobradura, a gente joga fora né?!

As duas unidas me jogaram pra fora do quarto como se eu fosse uma bolinha de papel amassada e sem valor.

Então a Janja começou: – Tá na cara que ele fez tudo diferente! Ele deve ter passado a mão pelo cotovelo e depois... Aaaa não, na verdade, acho que ele virou de lado e pulou o pé... Êpa!! Acho que não... humm deixa eu pensar peraí...

Enquanto ela descrevia a Pepa foi se entrelaçando toda, e também tinha se estragado!

Janja: - Ixi!! Agora essa aqui também se estragou toda, ué... Nossa e está com um cheiro bem estranho, que papel será que é este?

Abanando o cheiro que impregnava as narinas de quem estava no quarto, Janja pegou a Pepa e jogou pra fora do quarto também.

Todos riam muito e o menino não cabia em si de tanta diversão!
Afinal qual era aquele segredo? Por que o Rei da Dobradura não queria desvendar tamanho enigma?

No final ele mostrou só para Janja como se fazia para se desdobrar, mas eu acho que ela não prestou muita atenção...
Na verdade acabou piorando nossa situação! Saímos APAVORDOBRADAS pelos corredores com medo de dar mais que um nó!


quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Linda Eternidade


Relato enviado pela voluntária Mariana (Palhaça Dulce)



Otávio e eu entramos em um quarto do Instituto Emílio Ribas e nos deparamos com um garotinho (C.), no colo da mãe, que parecia nem ligar para nossa presença.

Olhando mais atentamente, percebemos que ele não focava o olhar em nada... A cabecinha pendia do pescoço e ele mexia os olhos pra lá e pra cá, e nunca focava em nada. A mãe precisou ir ao banheiro e colocou o pequeno deitado na poltrona. Ele mexia os olhos, mexia a cabeça para os lados e nada de olhar para nós ou para as bolhas de sabão, que começamos a soprar pelo quarto.

Em uma tentativa de chamar a atenção do C., fui fazendo bolhinhas mais perto dele... Muitas e muitas bolhinhas! Eu soprava o mais rápido que podia até ele ficar rodeado de bolhinhas, e ficava olhando esperançosa para ver se ele reparava em alguma delas. Nada acontecia e eu tentava de novo com mais e mais bolhinhas, mas nada mudava...
Até que em um momento fui pega totalmente de surpresa! Uma das bolhinhas foi voando na direção dos olhinhos dele.

Eu olhava e meio que via a cena em câmera lenta, acompanhando o trajeto daquela bolhinha. Ela foi, foi, foi (nenhum sinal de ele ter reparado nela ou em qualquer outra) e no momento em que passou pertinho de seus olhos eu observei: ele viu a bolhinha! Os olhinhos dele focaram nela, por segundos eu acho... mas eu percebi!
Eu percebi e me emocionei muito! Nesse período em que os olhos do C. enxergaram a bolhinha, as mãozinhas, antes paradas junto do corpo, imediatamente se moveram em direção à bolha, que estourou no ar em seguida.

Pensando agora, acho até que tudo isso aconteceu realmente muito rápido... em questão de segundos!
Mas foi tão mágico que me parece ter levado uma eternidade – e que linda eternidade!
  

quarta-feira, 8 de outubro de 2014

Trio Tum Pá


Relato enviado pela voluntária Rubia (Palhaça Dalila)



Dalila abriu a porta do quarto, do hospital Darcy Vargas, e perguntou “Aqui é o samba? Acho que estamos na lista VIP”. A mãe do garoto confirmou e Dalila, Aurora e Bernardino perguntaram se a banda já estava por lá.

A mãe disse que não e o trio ficou preocupado. Decidiram se virar, já que o público inteiro estava ansioso pela apresentação de samba.

Dalila pediu para Bernardino agitar e ele lançou a primeira música, cuja letra agitou todos que estavam no quarto “Te cutuco, me cutuca.” Todos, embalados pelas palmas e risadas do J., começaram a se cutucar e soltam outra estrofe “Te empurra, me empurra”. Envolvidos com a música, todos seguem os mesmos passos e outra estrofe para finalizar a música “Estica e Puxa”.

Bernardino, Aurora, Dalila, J. e a sua mãe entraram no clima e todos dançaram a música que viraria hits nas paradas de sucesso. Mesmo J., deitado na cama, com todos os aparelhos, se chacoalhava ao som das palmas, risadas, sorrisos e olhares.

A cada nova estrofe o trio soltava “Tum Pá”. E assim o samba foi terminando e saímos do quarto só no sapatinho.

Agora que você já sabe a letra, solte a voz. Se ainda não decorou, segue uma cola para você não se perder no ritmo:

Te cutuco, me cutuca
Tum Pá
Te empurra, me empurra
Tum Pá
Estica e Puxa
Tum Pá

  

quarta-feira, 1 de outubro de 2014

A Cidade de Todos


Relato enviado pelas voluntárias Roberta e Rubia (Palhaças Aurora e Dalila)




Entrar no quarto de uma adolescente é sempre um desafio. Mas, essa garota quando nos viu logo soltou “Ahhh que bom, adoro uma bagunça!”

Ela disse a palavra mágica, já que Dalila, Aurora e Bernardino adoram uma bagunça. Dalila já emendou que em Bernardópolis, cidade do Bernardino, era tudo bagunçado demais. Bernardino não perdeu tempo e começou a explicar como era a cidade dele, e todo mundo perguntando “Mas lá só moram Bernardinos?” “Quais os bairros da tua cidade?” e enquanto ele contava, I. olhou o crachá da Aurora e disse “Aurora é nome de princesa.”

Aurora imediatamente explica “Sim, na minha cidade só tem princesas – como não conseguia falar Aurorarópolis sem enrolar a língua, batizou a cidade de "Aurora City” e começou a fala sobre a cidade e, logo em seguida, Dalila começou a falar de como era Dalilópolis.

Depois que os três falaram de suas cidades, Aurora lança um desafio. Cada um tinha que defender num rápido horário político, de 40 segundos, a melhor cidade para I. escolher.

Dalila ficou responsável pela abertura do programa e a mãe da adolescente de cronometrar o tempo. Aurora foi a primeira a se apresentar e falou sobre a sua cidade. Na sequência foi Bernardópolis e Dalilópolis. Claro que os três estavam se alfinetando o tempo todo para conquistar a jurada.

Quando acabaram as apresentações, a I. pediu para fazer algumas perguntas aos candidatos e rolou uma sabatina. Os três estavam ansiosos para vencer a disputa e discutiam muito, quando ela disse:
“Por que vocês não param de brigar, juntam as três cidades e montam uma cidade com tudo isso de lindo que vocês falaram?”

Os três se olharam emocionados e batizaram a cidade com o nome da garota. Pegaram uma fita e fizeram a inauguração desta nossa cidade tão linda e ela cortou a fita. 

Gostamos desta ideia de montar uma linda cidade com tudo de bom que cada um tem para oferecer! Vocês nos ajudam?
  

quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Vamos Cantar Aquela Lá!


Relato enviado pela voluntária Daniela (Palhaça Janja)




Estávamos na UTI perambulando de quarto em quarto, quando entramos o do bebê C.
Ele era tão pequenininho que quase cabia na palma da minha mão!! Ok ok, pode ser que eu esteja exagerando, mas vale lembrar que minha mão é bem grande!
O C. chorava muito, muito, muito!!

Olhei pra Múrcia e pra Coriza e rapidamente e Múrcia propôs que cantássemos uma música. Múrcia falou: - Janja, vamos cantar aquela lá!!
Eu fiz cara que sabia do que ela estava falando e começamos a cantar:

"Como pode um peixe vivo viver fora da água fria
 Como pode um peixe vivo viver fora da água fria
Como poderei viver
Como poderei viver
Sem a sua
Sem a sua
Sem a sua companhia..."

Aos poucos ele foi se acalmando no meio da canção e quando terminamos estava um completo silêncio.

Nos olhamos orgulhosas com aquele gostinho de vitória e... ele começou a esboçar um novo chorinho...
Mais do que depressa começamos a cantar novamente:

"Como pode um peixe vivo viver fora da água fria..."

Ao final da música aquela calmaria de dar gosto. O bebê calminho respirava tranquilo, quase fechando os olhinhos para se entregar ao soninho...

A enfermeira vinha entrando com uma bandeja cheia de seringas e remédios quando quebrou o silêncio dizendo: - Ai meu Deus! Vocês conseguiram acalmar ele! Nem vou medicar agora senão ele vai cair no choro de novo!

Lá foi ela saindo de fininho e nós saímos junto com ela cantarolando Peixe Vivo bem baixinho pra manter a tranquilidade e a paz naquele quarto.

Quem disse que palhaço é só pra fazer sorrir?
Às vezes a gente consegue até acalmar!



quarta-feira, 17 de setembro de 2014

De Mãos Dadas

  
Relato enviado pela voluntária Viviane (Palhaça Dália)



Lorena e eu entramos em um quarto da UTI do Hospital Menino Jesus e nos deparamos com o V., um menininho que estava dormindo enquanto a mãe segurava bem forte sua mão.
Logo perguntamos: “Por que as suas mãos estão dadas?”
A mãe respondeu que o filho não conseguia dormir se ela não lhe desse a mão, pois ele não queria que ela fosse para longe!

Lorena, de imediato, se lembrou de que, quando era pequena, dormia de mãos dadas com o irmão, para assim se sentir mais segura. Eu, por minha vez, me lembrei que sempre dormia de mão bem apertada na mão da minha avó, para afastar os monstros. Então descobrimos que dar as mãos tinha um poder muito forte!

Agarramos a mão uma da outra para ficarmos também protegidas de todo o mal e pensamos em estratégias para que as mãos ficassem sempre unidas: se der formigamento, o jeito é chacoalhar a mão livre e também os braços, para que o formigamento flua para o universo. Todas as coisas necessárias para passar o dia devem estar por perto, especialmente se a dupla de mão estiver dormindo, porque sair do lugar para pegar não dá! E lavar as mãos? A partir de agora, só uma!

A mãe do V. ouviu atentamente nossas instruções e ficou mais tranquila, pois agora sabia como proceder para não ter mais que soltar a mão do filho!

V. abriu então rapidinho os olhos, espiou as palhaças com uma carinha de surpresa e logo voltou a fechá-los, caindo de novo no sono, afinal a mão da mãe estava apertando bem forte a sua. Tudo ficaria bem!


quarta-feira, 10 de setembro de 2014

Os Incríveis


Relato enviado pelo voluntário Luciano (Palhaço Crispim)




Múrcia e Crispim entram em um quarto no quinto andar e advinha a recepção?
Um quarto bem cheio por sinal, porém com um grande concorrente na televisão, o desenho dos INCRÍVEIS, tomando toda a atenção dos nossos amiguinhos, amiguinhas, mães e por aí vai.

Assim que colocamos o pé dentro do quarto começou a discussão de Múrcia e Crispim.
- Crispim, como você quer competir com os Incríveis? Você tem algum super poder? Você estica o braço igual à Mulher Elástico? Tem super velocidade? Fica invisível?
Lógico que o Crispim sem nenhum dos super poderes quis enganar a Murcia se escondendo atrás do biombo.
- Múrcia? Tá me vendo? Estou invisível!!
Múrcia não pensa duas vezes antes de acabar com a paspalhice de Crispim.
- Lógico que eu estou te vendo, Crispim! Olha a sua buzanfa de fora do biombo aí!!

Nisso o povo já estava começando a entrar no clima. Uma das mães não se aguentava de rir e aquela alegria foi contagiando a todos no quarto.
Crispim em mais uma tentativa, ficou agachado de baixo da cama e novamente gritou no quarto.
- Múrcia? Tá me vendo? Estou invisível.
E Múrcia, mais uma vez, acaba com a festa de Crispim.
- Sai de baixo da cama Crispim! Lógico que eu tô te vendo.
E, mais uma vez, só risadas no quarto.

Quando o Crispim já ia saindo desconsolado das suas tentativas de invisibilidade, eis que aparece uma das nossas personagens principais: “A Mulher Contorcionista”!
Logo ao vê-la Crispim já chama Murcia desesperadamente!
- Múrcia, Múrcia!! Os Incríveis são de verdade!! Eles existem mesmo e aponta para nossa mãe contorcionista.
Múrcia, ao ver, começa a entrar em desespero.
- Crispim, é verdade, eles existem! Olha, olha como ela está torta!! A cabeça de um lado, as pernas de outro, os braços de outro!!!

E a cara de espanto de Múrcia e Crispim tomam conta do lugar! Nisso uma das mãe começa a gargalhar muito alto e  Múrcia solta:
- Meu Deus!! Crispim, todos aqui tem super poderes! Olha lá!! Ela é a Risada Atômica!!!
Neste momento o quarto virou uma risada só, todos sem exceção estavam gargalhando.

Múrcia e Crispim naquele desespero, começam a se aproximar de mansinho da saída, enquanto iam identificando todos os outros super poderes dos que estavam no quarto, e na contagem regressiva do 3 saem desesperado após uma super risada que poderia acabar com o planeta! Imaginem o que não faria só com o Hospital.

Bom, isso só prova que muito mais incrível que os incríveis são os palhaços da Operação Arco-Íris!!


quarta-feira, 3 de setembro de 2014

Com Licença, Tem Alguém Aí do Outro Lado?

Relato enviado pela voluntária Paloma (Palhaça Lorena)



Dália e eu olhamos para dentro de um quarto e vimos um garoto sozinho, de costas pra gente, sentado em uma cadeira de rodas, balançando lentamente os ombros e fazendo aquele barulho típico de quem está chorando. Respiramos fundo e demos três batidinhas no batente da porta.

Dália: Com licença!
Lorena: Com licença!
Dália: Tem alguém aí do outro lado?
Lorena: Tem alguém aí do outro lado?

O menino parou de balançar os ombros e o barulho de choro cessou por um momento. Sem olhar pra gente, o garoto balançou a cabeça para cima e para baixo. Entendemos que aquilo era um sim. Ficamos curiosas e mais uma vez demos três batidinhas no batente da porta.

Dália: Com licença!
Lorena: Com licença!
Dália: Tem alguém aí do outro lado?
Lorena: Tem alguém aí do outro lado?
Dália: Se tem alguém aí do outro lado, olhe para cá.
Lorena: Se tem alguém aí do outro lado, olhe para cá.

O menino virou a cabeça, nos olhou com o rosto molhado de lágrimas. Respiramos fundo, olhamos uma para a outra e continuamos com as nossas batidinhas.

Dália: Com licença!
Lorena: Com licença!
Dália: Tem alguém aí do outro lado?
Lorena: Tem alguém aí do outro lado?
Dália: Se tem alguém aí do outro lado, a gente pode entrar?
Lorena: Se tem alguém aí do outro lado, a gente pode entrar?

O menino deu uma risadinha e fez um joia com a mão. Pulamos de alegria e as nossas batidinhas ficaram cada vez mais rápidas e piradas.

Dália: Com licença!
Lorena: Com licença!
Dália: Tem alguém aí do outro lado?
Lorena: Tem alguém aí do outro lado?
Dália: Se tem alguém aí do outro lado, a gente pode entrar?
Lorena: Se tem alguém aí do outro lado, a gente pode entrar?
Dália: Se a gente pode entrar, podemos entrar pulando?
Lorena: Se a gente pode entrar, podemos entrar pulando?

O menino continuou rindo e enxugou as lágrimas do seu rosto. Entramos pulando no quarto e fizemos manobras radicais para contornar a cadeira de rodas e ficar bem na frente do garoto. Demos três batidinhas em uma mesinha e retomamos nossa conversa com eco.
Lorena: Com licença!
Dália: Com licença!
Lorena: Tem alguém aqui deste lado?
Dália: Tem alguém aqui deste lado?

O menino riu, fez joia, balançou a cabeça positivamente e ficou acompanhando cada movimento nosso com os olhos. Nós também não tirávamos os olhos dele.

Lorena: Com licença!
Dália: Com licença!
Lorena: Tem alguém aqui deste lado?
Dália: Tem alguém aqui deste lado?
Lorena: Se tem alguém aqui deste lado, esse alguém quer ouvir uma música maluca?
Dália: Se tem alguém aqui deste lado, esse alguém quer ouvir uma música maluca?

O menino se ajeitou na cadeira, arregalou os olhos e aceitou nossa proposta.

Dália: Com licença!
Lorena: Com licença!
Dália: Tem alguém aqui deste lado?
Lorena: Tem alguém aqui deste lado?
Dália: Se tem alguém aqui deste lado, esse alguém quer ouvir uma música maluca com uma dança muito doida?
Lorena: Se tem alguém aqui deste lado, esse alguém quer ouvir uma música maluca com uma dança muito doida?

O menino respondeu: SIM.

Dália e eu inventamos um rap muito maluco, sempre repetindo as frases “Tem alguém aí? Tem alguém aqui? Você está aqui?” e chacoalhando o corpo freneticamente. O menino sorria pra gente o tempo todo. Ao final da música, não havia mais lágrimas naquele quarto.

Lorena: Com licença!
Dália: Com licença!
Lorena: Tem alguém aqui deste lado?
Dália: Tem alguém aqui deste lado?
Lorena: Se tem alguém aqui deste lado, a gente pode ir embora?
Dália: Se tem alguém aqui deste lado, a gente pode ir embora?

O menino sorriu e fez um sim balançando a cabeça. Dália e eu saímos do quarto pulando. Paramos perto da porta. Demos três batidinhas no batente.

Dália: Com licença!
Lorena: Com licença!
Dália: Tchau.
Lorena: Tchau.


quarta-feira, 13 de agosto de 2014

O Quarto dos D.s.


Relato enviado pelo voluntário Paulo (Palhaço Arlindo)




Esse seria nosso primeiro quarto do dia, porém quando abrimos a porta e percebemos que o paciente estava em procedimento, visitamos os outros quartos do andar e seguimos nosso dia.
Quando estávamos prontos para pegar o elevador, vimos que a porta estava aberta e que a criança olhava para nós como se estivesse nos hipnotizando.
  
Trocamos um rápido olhar com o pai da criança e perguntamos se poderíamos entrar. Olívia viu a placa com o nome do menino na porta e logo foi falando: “Olá, então quer dizer que esse é o incrível D.?”. 
O pai respondeu que sim. 
Na sequência perguntei: “Se esse é o incrível D., você é o grande?”
E, para nossa surpresa, o pai respondeu: “Eu sou o grande D.!”
  
Olívia olhou para mim e estranhou aquilo tudo e começou a me questionar se todos que entravam naquele quarto viravam D. também e se o menino tinha o poder de hipnotizar as pessoas... 
Para surpresa dela, eu já estava contaminando e também tinha virado um D. 
Virei para a minha amiga e falei: “Olá, meu nome é D.!”
  
Olívia, muito confusa, começou a perguntar o nome de todos que estavam no quarto, e todos respondiam: “D.”,” D.”,” D.”..... “Eu sou o D.!” “Eu também.” “Ah que coincidência, eu também.”
  
Ela não sabia mais o que fazer, até que uma enfermeira entrou no quarto e Olívia pensou que finalmente alguém ali não seria D. Ela perguntou para enfermeira se o nome dela também era D., e, por incrível que pareça, a enfermeira também já havia virado D. 
  
Olívia percebeu que embora todos que entravam naquele quarto viravam D., apenas um D. usava fralda, foi aí que ela teve a brilhante ideia de deixar todos os D.s iguais e pediu para que eu colocasse a fralda também!
Logo ela percebeu que eu era um D. com defeito de fabricação, pois não sabia o lugar de colocar a fralda, coloquei na cabeça, nos ombros, na mão, nas coxas, na canela... menos no lugar certo.
  
Olívia tentava, mas toda vez que ela ia colocar a fralda corretamente, eu me virava e o verdadeiro D. caia na gargalhada, até o momento que ela conseguiu colocar a fralda em mim e me empurrou para fora do quarto.
  
Quando fui arremessado para fora do quarto, recuperei minha personalidade e voltei a ser o Arlindo! Demorei alguns minutos para entender aonde estava e quem realmente eu era, porém quando dei por mim, estava no meio do corredor do GRAACC, vestindo uma fralda e sendo literalmente alvo de muitos piadas e risadas de todos os enfermeiros e pacientes que passavam pelo corredor! 
Saí correndo desesperado pelos corredores do hospital, até encontrar uma saída de emergência e sumir da frente de todos !
  
Enquanto eu buscava uma saída, Olívia e o verdadeiro D. riam da minha cara e ainda mais da fralda que eu estava usando!
  

quarta-feira, 6 de agosto de 2014

São Benjamim


Relato enviado pela voluntária Daniele (Palhaça Clô)



No último quarto da UTI havia três crianças internadas: L, C e uma linda bebê, bela como uma flor de jasmim.

Já tínhamos tido um jogo estabelecido lá fora com os pais e quando chegamos foi uma continuação.
Mas a mãe da pequenina Jasmim não estava muito no jogo, pois a bebê estava tossindo muito! E ela até comentou com a gente: "Ela não pára de tossir!"
  
Múrcia nos contou então que quando ela era pequena, sua mãe falava assim quando alguém tossia muito: “São Braz, São Braz! Socorre esse rapaz!”
  
Resolvemos tentar!
Múrcia, Coriza e eu falamos juntas: “São Braz, São Braz! Socorre esse rapaz!”

E... nada!!
  
Com o fracasso da nossa tentativa, concluí: “Ah! Mas é muito generalizado e é pra homem né!?”
Hum... tínhamos uma conclusão! Precisávamos encontrar o santo correto para alcançarmos a graça desejada!
  
Então tentamos com a Santa Nina!
Falamos as três juntas: “Santa Nina! Santa Nina! Socorre essa menina!”
  
E nada!
  
Estávamos tristes e abaladas! O que mais precisávamos fazer?
Foi aí que eu disse: “Assim não dá!! Precisa ser mais específico!”
Múrcia, grande conhecedora santística, disse: “Só pode ser São Benjamim!”
  
Nos enchemos de esperanças e juntas, com muita fé, dissemos: “São Benjamim! São Benjamim! Socorre essa pequena flor de jasmim!”
  
Neste exato momento, a pequenina flor parou de tossir!
  
Todos ficaram se entreolhando... os outros pais meio incrédulos... a mãe só levantou o olhar...
E nós... bom nós fomos saindo de fininho...
  
Quando chegamos à porta a pequenina ameaçou um novo acesso de tosse... 
Prontamente entoamos mais alto: “São Benjamim! São Benjamim! Socorre essa pequena flor de jasmim!”
E a tosse parou de novo!
  
Os pais riam maravilhados!!
E nós... bom nós fomos embora logo, antes que Santo Clown não conseguisse mais nos salvar!
  

quarta-feira, 30 de julho de 2014

Pra Você eu Digo Sim


Relato enviado pelo voluntário Antônio (Palhaço Quincasss)




Logo que chegamos ao 4º andar, veio uma menininha correndo em nossa direção gritando feliz da vida: “Palhaço, palhaço, palhaço!” 
Ela chegou com um baita sorrisão no rosto!!
  
Em seguida apareceu uma cadeira de rodas empurrada por uma mãe. Nela o menino J.C. com um cobertor cobrindo seu corpo e luvas coloridas na mão. Ele me olhou eu olhei para ele. Me aproximei, peguei a sua mão e ele deu um sorriso lindo! 
Ele ficou mexendo as sobrancelhas enquanto olhava pra mim. Sua mãe me falou ele estava dizendo SIM pra mim.
  
E ficamos ali com várias crianças ao nosso lado, a cada momento uma novidade, e sempre aquele olhar de J.C. apontado pra mim. Eu sorria, pegava a mão dele para cumprimentar, ele abria um sorriso, e mexia as sobrancelhas, sempre um novo SIM.
  
No final da nossa jornada, estávamos no térreo, quando novamente apareceu o J.C. 
Ele estava indo embora... Quando ele me viu abriu um sorriso! Eu também sorri, fui até ele peguei a sua mão e ele mexeu as sobrancelhas novamente dizendo SIM.
Fiquei por um tempo trocando sorrisos e olhares com aquela criança linda.
  
Depois sua mãe me falou que ele tinha medo de palhaço, mas sentiu confiança e veio brincar com a gente.
  

quarta-feira, 23 de julho de 2014

O Grande Show

  
Relato enviado pelo voluntário Paulo (Palhaço Arlindo)




Entramos no quarto do K. e logo vimos que ele tinha um violão ao lado da cama. Não pensamos duas vezes e começamos a organizar um grande show no 7º andar do GRAACC. Cada palhaço assumiu uma função para a organização e bom andamento do espetáculo, com isso a equipe estava formada da seguinte forma:
Atração Principal: K. 
Segurança: Arlindo
Dançarina: BomBom
Rei do Camarote: Janja
  
Nesse momento o quarto tornou-se um verdadeiro show da Broadway, K. começou a tocar enquanto BomBom dançava loucamente, Janja logo posicionou-se em seu camarote na cama ao lado e começou a acompanhar a cantoria. Neste momento assumi minha função de segurança e fui para a porta do quarto barrar a entrada de pessoas não autorizadas. 
Estava muito rigoroso na minha função e só permitia a entrada de pessoas credenciadas, quando uma mulher chegou sem crachá e queria porque queria entrar no quarto. Estufei o peito e barrei sua entrada, mas logo fui advertido pela Janja e pela BomBom, que me avisaram que ela era a mãe do grande astro K. e que ela possuía um camarote à sua disposição!! 
Logo que soube de quem se tratava, pedi mil desculpas e encaminhei aquela adorável senhora para o seu camarote.
  
Logo o quarto começou a encher... Quando percebemos, já estavam cantando e dançando no quarto: Eu, Janja, BomBom, K., a mãe, uma enfermeira e dois voluntários do GRAACC. 
  
O mais divertido foi ver a cena de todos dançando e balançando os braços e ao mesmo tempo! As enfermeiras que estavam lá fora também começaram a dançar e algumas pessoas do quarto ao lado vieram ver o que estava acontecendo ali!
Tocamos umas duas ou três músicas com o K. e fomos embora dançando e cantando pelos corredores do hospital.
  

quarta-feira, 2 de julho de 2014

Bigodão Poético


Relato enviado pela voluntária Cinthia (Palhaça Olívia)



Na Quimioteca um senhor prestativo nos dava atenção.
Ele queria nossa identificação!
- Claro que sim, como não!? Tome aqui nosso cartão!
Analisando ele ficou... olhava... olhava e logo perguntou:
- Com que permissão vocês entram aqui? 
Assustados com tanta autoridade, olhamos e paralisamos com tamanha seriedade! 
- É queee... É quiii... 
- Ué, com a permissão do senhor, claro!
Duvidoso, ele insiste...
- Para andar aqui precisa de licença, meu caro!
Andando de um lado para o outro, preocupados...
Batatinha revida magoado: - Olha esse moço, que danado! 
- Na verdade viemos por ordens de cima para verificar sua licença, que está vencida! 
- Olívia pegue a tesoura e vá afiar... Está na hora de picotar!!!
Saco a tesoura pontiaguda surpreendida, aquele era o melhor momento da minha vida! 
A tesoura de cabo azul era tão BLÚ que me dava emoção, fazia tempo que não tinha aquela sensação! 
Vê se pode, olha o tamanho daquele bigode!!!
Digo ansiosa e torço...
- Venha seu moço, para que eu possa aparar esse bigodão, assim o senhor não leva nenhuma intimação!
Batatinha aguarda em silencio com olhar de vencedor, quem era mesmo o cobrador?
Desconcertado o moço do bigode se assusta e logo vasculha algum canto de sua blusa...
- Onde será que coloquei, não consigo achar... Será que vou ter que aparar? 
Fazendo cara de séria ameaço com “Reec Reec” da Tesoura BLú...
- Continue! Procure! Procure ou será pior pra tu!
Com as mãos ele segura o bigode com medo ele grita, ele explode...
Inicia o discurso e se explica:
- Esse bigode e pra Ticaaaa!
- Quem?
- Quem?
- A Tica!
- Aaaaaah aTica! 
Logo visualizamos a menininha que tirava um cochilo.
Toda quentinha, parecia um esquilo. 
Agora tudo estava explicado, não poderíamos cometer aquele ato malvado!
Então tramamos a barganha, porque assim todo mundo ganha!
O seu Moço acabou nos dando a permissão para vagarmos por aqui.
Enquanto nós dávamos a Licença para ele desfilar por ali 
Trocando olhares de cumplicidade...
Tudo acabou virando só felicidade!




quarta-feira, 25 de junho de 2014

TV Suricate


Relato enviado pelo voluntário Henrique (Palhaço Heitor)




Ao chegar no Hospital Dia do Hospital Menino Jesus, um fenômeno curioso aconteceu: havia muitas crianças bem pequenas, e elas rapidamente pararam o que faziam e ficaram olhando – imóveis - os palhaços. 
  
O Tunico rapidamente identificou aquelas criaturas: “São suricates!”
O líder deles, no alto de seu leito-berço, mantinha a postura atenta, com mãos de suricates, e dava comandos aos outros. Ficamos imóveis também, tentando calcular uma aproximação. 
  
Minha vasta experiência com multidões de suricates me levou a uma ideia: o famoso “Pãn-pãrã rãm pam...” – E a resposta veio meio murcha, mas veio: “Pãn pãaaam!!!” 
“Ah, eu sabia.” – disse ao Tunico que tentou de novo, e na segunda vez a resposta foi melhor! 
  
Comecei a testar outras aproximações, e todas funcionaram: 
- Tchúbi-djhiúbi djhiúbi...
- Djhiú djiú!! 
- Pi-piriri Pi...
- Pipiiiii!!!! 
  
Aaaaaah... estava começando a ficar muito estranho, melhor parar! Essa gente gritando essas coisas, em pleno hospital!!! 
  
Mas os suricates estavam tão receptivos que até renderam um programa inteiro de TV! Percebemos que estávamos sendo filmados por TRÊS câmeras de celular! 
Foi então que resolvemos fazer um documentário e uma prévia do espetáculo de 20 anos da OAI. O show teve atrações, entrevistas... Eu, Heitor, apresentava o programa enquanto o Tunico fazia o suporte e os comerciais! 
  
Foi um sucesso tão grande, que na atração final, sobre a vida dos suricates, conseguimos o maior coro de Pan-pãrãrãm-pam de toda a história do Hospital Menino Jesus!!! 
  
Os pequenos suricates do Hospital Dia nos mostraram que seu mundo é extremamente cativante e comunicativo!