Palhaço também conta histórias!
Neste blog você pode saber um pouco mais das nossas histórias vividas nos hospitais.

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Quem tem medo de quem?

 
Relato enviado pela voluntária Paloma (Palhaça Lorena)
 
 

Na recepção do GRAACC, encontramos a N. sentada no colo de sua mãe. Quando nos aproximamos, a mãe rapidamente escondeu a N. inteirinha com um cobertor. Através de uma leitura labial, descobrimos que ela tinha medo de palhaço.
 
Odorica, Ricota e eu ficamos perguntando em voz alta se havia uma criança por ali. De repente, a mãe retirou o cobertor e revelou a presença da N. Levamos o maior susto! Saímos correndo para longe da menina e nos escondemos, cada um em um canto da recepção.
 
A mãe voltou a cobrir a N.

Recuperamos o fôlego e nos aproximamos da montanha de cobertor. Voltamos a debater sobre a presença de uma criança ali: 
Ricota: “Tenho certeza que vi uma criança aqui.”.
Odorica: “Estava aqui, eu vi também.”.
O jogo se repetiu, mas com maior intensidade. A mãe retirou o cobertor inesperadamente e pronto: “Ai, Meu Deus! Uiiiii! Que susto!”. 
Palhaços assustados correndo para todos os lados em busca de um novo esconderijo.
 
Na terceira vez que o jogo se repetiu, qual não foi a nossa surpresa quando, após ser descoberta, a pequena N. deu um berro de “Buuuuuu”. 
Aí sim, nosso susto foi medonho. Fugimos para o elevador, felizes porque o medo da menina se transformou naquele grito empolgado.
 
Fim.
Ei, peraí!
Não terminou ainda.
 
Passeios de elevador. Ginástica na escada. Uma musiquinha aqui. Uma dancinha ali. Declaração tosca de amor... “Ei, palhaços, tem alguém se escondendo de vocês ali.” – avisou uma enfermeira na Quimioteca.
Quem era? Quem? Quem? A N., é claro!!
 
Continuamos o jogo do esconde-esconde. Inúmeros gritos de “Buuuuuu” foram disparados na nossa direção. Utilizamos um biombo para uma aproximação, tentando passar despercebidos pela N. 
A metralhadora de “Buuuuuuuu” não parava nunca mais de atirar. E, a cada susto nosso, aumentavam os risos da N.
 
Fomos embora assim, assustados, fugindo dos disparos. O mais gostoso foi ouvir uma pessoa perguntar: “Ela não tinha medo de palhaço?”.

 

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