Relato enviado pelos voluntários Fábio (palhaço Tunico) e Luciano (Palhaço Crispim)
Tunico, Romão e Crispim andavam com muita energia pelo corredor do 5º andar do Hospital Emílio Ribas quando, em determinado momento, decidiram entrar em um quarto habitado por duas pacientes.
Romão foi o primeiro a avançar e, em silêncio intenso, parou em frente a cama de uma jovem senhora.
Crispim foi o segundo a entrar e, após alguns passos, parou ao lado de Romão.
Por fim, Tunico, também em silencio profundo, entrou no quarto e, com seus grandes e imponentes olhos, fitava Romão e Crispim.
Crispim, percebendo a situação de mudez dos dois, ficou desesperado e começou um processo para entender o porquê de os dois palhaços não conversarem com ele. Seria sua face? Seria seu cabelo? Ou um mero Bullying com seres um pouco mais fofinhos?
Nervoso, Crispim começou a falar: Vocês não estão me vendo? Eu desapareci?
Neste momento, uma das pacientes riu da situação, mas a outra parecia ignorar e mantinha um semblante de tristeza.
Observando que mais uma vez estava sendo ignorado, Crispim decidiu se aproximar da paciente e falou: Moça? Moça? A senhora está me vendo? Será que eu sou um fantasma? Ai meu Deus, o que está acontecendo?
Assim que o Crispim terminou a pergunta, a resposta veio acompanhada de um choro emocionado:
Eu não posso vê-los, eu não enxergo, eu fiquei cega.
Para finalizar este relato, segue na íntegra as palavras de um palhaço que lá estava:
“O silencio tomou conta do quarto, e por alguns segundos só ouvimos o choro da nossa amiga. Nisso, Tunico tira sua flauta e começa uma canção que nos fez viajar para outro mundo, ficamos em silencio com a emoção na boca, muito prestes a escapar.
A música vinha da alma do Tunico, que foi aos poucos acalmando o ambiente e fazendo aquele choro desaparecer por completo.
Fomos diminuindo a música e saindo do quarto com a certeza que deixamos algo lá. Deixamos uma emoção do fundo do coração e uma energia que com certeza mudou aquele instante.”
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