Relato enviado pelo voluntário Fabio (Palhaço Bordô)
Nem sempre estamos preparados para todas as situações do nosso trabalho no hospital. Num lampejo a emoção pode trair e desconcertar qualquer palhaço preparado.
Quando visitamos a sala da quimioterapia no GRAACC, iniciamos uma brincadeira com um menino e a minha parceira Janja pediu para ele chamar a sua mãe. Eu (Bordô) e a outra palhaça Valentina ficamos na expectativa da resposta. O garoto nos disse que a mãe não estava, mas que a avó era responsável por ele.
Chamamos a avó e ela veio caminhando lentamente entre as crianças da quimioterapia e logo se deparou com seu neto. A avó caiu num choro sentido. As lágrimas escorriam acompanhadas de uma sonoridade de lamento. Se abateu um instante de tristeza...
Nos abalamos com o momento. Por um breve tempo houve uma pausa tensa, onde veio a fatídica pergunta interna: o que fazemos agora? Nos voltamos para a criança e também não havia clima para qualquer cena. Faltou pouco para nos abater de vez. Num instante de intuição, escapamos desta situação nos voltando para outra criança para nos recompor.
Ao final da visita nesta ala, conseguimos recuperar o jogo com esta avó que estava com outro neto de um ano. Foi tudo diferente, pois ela reagiu bem às nossas brincadeiras. Cantamos parabéns para seu neto em vários idiomas e o menino ficou bem entretido. A avó já tinha mudado sua feição, era outra.
Aprendi muito neste dia. Tem momentos como este, que nos cabe aceitar o imponderável e deixar que um breve tempo recupere o que aparentemente estava perdido.
Nenhum comentário:
Postar um comentário