Relato enviado pela voluntária Paloma (Palhaça Lorena)
Em um quarto do sétimo andar, havia uma menina de uns sete anos de idade sendo alimentada por sua mãe.
Logo que entramos, Charles e eu ouvimos um som de água caindo. Cogitamos se tratar de uma cachoeira ou talvez um rio de águas calmas, mas a menina nos avisou que era apenas alguém tomando banho.
Lorena: “Por falar nisso, Charles, você tomou banho hoje?”.
Charles: “Pra falar a verdade, não.”.
Lorena: “Então, esse cheiro ruim que estou sentindo desde cedo é seu! Vá já se lavar!”.
Charles foi em direção a uma torneira que havia no quarto e começou a lavar as mãos e o cabelo. Enquanto isso, eu reclamava daquela situação para a menina.
Quando Charles voltou, eu dei uma cafungada no pescoço dele e senti um perfume muito gostoso. Fiquei elogiando aquele cheiro bom e Charles me disse que era um perfume novo: Charlotil.
Lorena: “M., você está sentindo o perfume do Charles?”.
M.: “Não estou sentindo cheiro nenhum.”.
Eu pedi que a mãe da menina cafungasse o pescoço do Charles e a resposta foi positiva. Todos no quarto sentiam o perfume, menos a menina.
Lorena: “M., não é possível. Seu nariz deve estar entupido! Só pode. Está o maior cheiro bom aqui no quarto.”.
M.: “Não, meu nariz não está entupido. E não estou sentindo cheiro nenhum. Esse perfume não é de verdade, né?”.
A mãe da menina deu uma risadinha. Charles e eu ficamos surpresos com aquela pergunta.
Lorena: “Será que esse cheiro só existe na nossa imaginação?”.
Charles: “Nossa, será que é isso? Esse perfume só existe na nossa cabeça?”.
Lorena: “E se todos nós juntos imaginássemos um perfume bem gostoso? Cada um imagina o seu perfume. Todos juntos concentrados, imaginando um perfume! M., quer tentar pra ver se você sente um perfume?”.
A menina fez uma carinha questionadora, mas concordou.
Lorena: “5, 4, 3, 2, 1 e já!”.
Palhaços concentrados. Mamãe concentrada. Menina concentrada. Olhos fechados. Imaginação aberta.
Charles: “Eu senti um perfume muito bom!”.
Lorena: “Eba! Eu também senti. E você, M., sentiu algum perfume?”.
Ela acenou com a cabeça.
Sim, ela tinha imaginado e sentido um perfume. Perguntei qual era o cheiro preferido da menina e ela respondeu: “Cheiro de maçã.”.
Ficamos muito empolgados. Saímos do quarto prometendo carregar aquele perfume de maçã pelo prédio todo.
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