Relato enviado pelo voluntário Mauro - Palhaço MalavazziHospital: GRAACC
O legal de frequentar o mesmo hospital durante um ano inteirinho é a possibilidade de conhecer e reconhecer um monte de gente constante por lá. Médicos, pacientes, enfermeiras, seguranças e afins. Essa história é sobre uma recepcionista do GRAACC.
No começo de 2011, fui ao GRAACC pela primeira vez, acompanhado pela palhaça Brigiti, que já havia visitado esse hospital no ano de 2009. Ela, claro, já tinha alguns conhecidos que eu não tinha. Uma dessas era uma recepcionista, de seus 50 e tantos anos. Quando a encontramos pela primeira vez, a Brigiti disse: "Ah, ela eu já conheço, ela é velha aqui". A funcionária, muito espirituosa, entrou no jogo.
- Velha? Você está me chamando de velha?
- Não, não, veja bem...
- Que absurdo! Acabou de chegar e já maltrata todo mundo?
- Não, veja, o que eu quis dizer....
A partir daí, a recepcionista "odiava" (de brincadeira) tudo que a Brigiti fazia ou dizia. Eu, em contrapartida, fui super atencioso, elogiei a juventude da senhora e ganhei sua simpatia.
Por várias visitas seguintes, era sempre a mesma história. A Brigiti tentava agradar, mas não conseguia. Eu fazia qualquer tontice, e era prontamente aplaudido. Eram momentos muito divertidos das nossas visitas.
Mas lá pelo mês de Maio, chegamos ao GRAACC e a recepcionista não estava mais lá. "Ela teve um infarto", disse um rapaz que a estava substituindo. Ficamos honestamente embasbacados. Uau. No fim da visita, já sem nossos figurinos, perguntamos ao rapaz sobre mais detalhes e ele nos disse que ela estava internada e que não sabia quando, nem se, ela voltaria a trabalhar.
O ano seguiu e continuamos a visitar o GRAACC. Eu sempre levava uma flor de plástico, para dar à recepcionista quando ela voltasse ao batente, mas isso nunca aconteceu.
Eis que em Fevereiro de 2012, voltamos ao GRAACC e ela estava de volta!
A recepcionista! Toda bronzeada, bem humorada e fazendo piada sobre a sua situação. "Foi ótimo! Tive um infarto e tirei umas férias. Uma delícia!".
Na visita seguinte, levei minha flor novamente e pude finalmente entregá-la! Antes, recitei um poema, enquanto minha parceira Múrcia tocava uma romântica música do Kenny G com um saxofone imaginário.
“Não sei o que é fazer um parto
Muito menos ter um infarto
Imagino que haja um pouco de dor
Por isso, receba agora essa pequena flor.”
Um comentário:
Linda história, sentimento e homenagem, é muito bacana sentir o apoio de todos os atores do hospital, da sensação de segurança.
Visitarei o GRAAC em 2 semanas e é, especialmente para um novato, bom saber que terei tamanho apoio.
Postar um comentário