Palhaço também conta histórias!
Neste blog você pode saber um pouco mais das nossas histórias vividas nos hospitais.

segunda-feira, 9 de abril de 2012

Um Aniversário Especial


Relato enviado pelo voluntário Marcos (Palhaço Tadeu)


Passando pelo o corredor o Batatinha e eu nos aproximamos do quarto, porém, antes que chegássemos a porta a enfermeira nos deu uma dica quase sussurrando com medo de estragar a surpresa: “é aniversário dela hoje”. Pronto, aniversário dela pensei. E agora como agir?
Precisávamos fazer algo de especial, não podemos decepcionar. Entramos com tudo, energia a mil, perguntamos o nome dela e ela logo soltou um sorriso, mostrando que seria bem receptiva. Começamos a jogar fingindo que não sabíamos que era o aniversário dela, mais que se fosse o aniversário de alguém no quarto a gente faria uma festa. Ela de pronto dizia “é o meu é o meu aniversário hoje”, a gente fingia não escutar e dissemos para brincar de fingir que o aniversário dela era hoje e que ensaiaríamos como seria a festa.
Percebi que havia um senhor com cara de sério encostado na parede olhando nossa performance meio desconfiado. Continuamos entretidos com a criança, e quando fomos cantar parabéns, na hora de dizer - E PRA N. NADA! Eu disse em seguida E PARA O TADEU TUDO! Voltamos a música e continuamos a cantar agora exclamando a verdadeira pessoa que merecia tal cantoria, a N. Pegamos uma caixa de brinquedo e fingimos ser o bolo, o Batatinha era a vela e ficava com os olhos arregalados e fazendo movimentos com as mãos. Ao término do parabéns, N. apagou a “vela” e o Batatinha fingiu que morreu, foi muito bacana.
Em seguida a gente disse para ela dar o primeiro pedaço de bolo para a pessoa mais bonita que ela estava vendo, e eu logo me abri me exibindo e tentando ganhar o pedaço do bolo, mas o Batatinha também fez o mesmo e a gente ficou disputando a atenção dela. Foi quando ela passou os olhos sobre a gente e disse “Eu quero dar o primeiro pedaço para o meu Pai”.
Houve um momento de silêncio e confesso que fiquei arrepiado, pois não esperava. Aquele senhor, que estava com cara de bravo encostado na parede, estava com os olhos cheios de lágrimas, muito emocionado. Entreguei o pedaço de bolo (uma pequena bexiga em forma de coração) e disse para ele morder devagar, pois poderia fazer mal. Em seguida saímos e quando olhei para trás todos estavam sorridentes.
Acho que essa foi a única vez que não ganhei um pedaço de bolo e fiquei feliz!!

2 comentários:

Haag disse...

Parabéns Tadeu! Que bela lição de vida e cidadania! Abs

Clarisse Ivich disse...

Fico emocionada em ler tão bela história! Parabéns pelo lindo trabalho!
Um beijo.