Relato enviado pela voluntária Mariana (Palhaça Dulce)
Otávio e eu entramos em um quarto do Instituto
Emílio Ribas e nos deparamos com um garotinho (C.), no colo da mãe, que parecia
nem ligar para nossa presença.
Olhando mais atentamente, percebemos que ele não
focava o olhar em nada... A cabecinha pendia do pescoço e ele mexia os olhos
pra lá e pra cá, e nunca focava em nada. A mãe precisou ir ao banheiro e
colocou o pequeno deitado na poltrona. Ele mexia os olhos, mexia a cabeça para
os lados e nada de olhar para nós ou para as bolhas de sabão, que começamos a
soprar pelo quarto.
Em uma tentativa de chamar a atenção do C., fui
fazendo bolhinhas mais perto dele... Muitas e muitas bolhinhas! Eu soprava o
mais rápido que podia até ele ficar rodeado de bolhinhas, e ficava olhando
esperançosa para ver se ele reparava em alguma delas. Nada acontecia e eu
tentava de novo com mais e mais bolhinhas, mas nada mudava...
Até que em um momento fui pega totalmente de
surpresa! Uma das bolhinhas foi voando na direção dos olhinhos dele.
Eu olhava e meio que via a cena em câmera lenta,
acompanhando o trajeto daquela bolhinha. Ela foi, foi, foi (nenhum sinal de ele
ter reparado nela ou em qualquer outra) e no momento em que passou pertinho de
seus olhos eu observei: ele viu a bolhinha! Os olhinhos dele focaram nela, por
segundos eu acho... mas eu percebi!
Eu percebi e me emocionei muito! Nesse período em
que os olhos do C. enxergaram a bolhinha, as mãozinhas, antes paradas junto do
corpo, imediatamente se moveram em direção à bolha, que estourou no ar em
seguida.
Pensando agora, acho até que tudo isso aconteceu
realmente muito rápido... em questão de segundos!
Mas foi tão mágico que me parece ter levado uma
eternidade – e que linda eternidade!
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