Relato enviado pela voluntária Viviane (Palhaça Dália)
Entrei com Dalila e Janja em mais um dentre os muitos quartos do Instituto Emílio Ribas; quem será que encontraríamos ali? A primeira coisa que nos chamou atenção, logo na porta, foi o cheiro daquele local: um frescor delicioso, daqueles que sentimos quando alguém acabou de sair do banho. Entramos mais um pouquinho e avistamos um senhor sentando, sozinho, em sua cama. Ele estava com os cabelos recém lavados, bem penteados e, claro, muito perfumados!
Perguntamos seu nome e ele, sem hesitar, respondeu: A.!
Janja tratou logo de elogiá-lo por estar tão bonito e perguntou, humildemente, se ele tinha se arrumado tanto só para nos ver. Tão rápida quanto a pergunta, foi a enxurrada de lágrimas nos olhos de A. Lágrimas intensas, cheiras de uma emoção instantânea, profunda. Perdi um pouco o chão naquele momento e percebi que minhas parceiras também. Como não sermos tocadas por aquele choro tão sincero?
Entretanto, fizemos o possível para não deixar nossa comoção transparecer ao A. e continuamos a nossa conversa dizendo que também tínhamos nos arrumado para vê-lo, mostrando nossas roupas, dançando e nos exibindo. A., já mais calmo, nos examinava, sorria e aprovava a apresentação.
Nos despedimos mandando beijos e abraços, e o A. novamente levou as mãos aos olhos, contendo as lágrimas que insistiam em cair.
Não sabemos ao certo o que aconteceu naquele quarto, o que nossa presença causou naquele senhor nem o motivo daquela demonstração de tão imensa gratidão por estarmos ali. Só sei que saí pensativa...
Abençoado seja o nariz vermelho que, com sua graça e simplicidade, toca a alma do ser.
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