Relato enviado pelo voluntário Fabio Lins (Palhaço Tunico)
Todos os palhaços voluntários que visitam o hospital Darcy Vargas conhece o garoto S***. Ele está há muito tempo na UTI.
Por todo esse tempo eu sempre levei a minha flauta para "tocar uma canção para o S***" e me divertia junto com as enfermeiras, pais e acompanhantes presentes na UTI.
Bom, um dia eu deduzi que ele não gostava das minhas músicas e por várias visitas a brincadeira se resumia a todos tirando sarro de mim.
Ouvia "pobre Tunico". E eu achava que estava abafando, mas aquele garoto não esboçava nenhuma reação, nem sorria, nem chorava, apenas olhava cada "apresentação" ali em silêncio.
Sendo assim, passei os últimos dias na equipe do Darcy Vargas com esse sentimento.
Só que mais uma vez estava enganado. Na minha última visita ao hospital (trocamos de hospital todos os anos), o pai de S***, sabendo que eu mudaria de equipe, solta: "Sabe Tunico, o meu coração nunca se engana com o olhar do meu filho e tenho certeza que ele sentirá muita saudade de você".
Nessa hora minha voz embargou, meus olhos marejaram e a única reação foi um sorriso tímido, sim tímido para um Tunico que tentava prender o choro, afinal, Palhaço não chora! Não?
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